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  A DESCOBERTA DO OCEANO ATLÂNTICO É TEMA DE PALESTRA NA ABL  
   
 

 

Como nos contam os livros de história, no século XV o oceano Índico era o paraíso do comércio de especiarias, um mercado totalmente dominado pelo povo árabe. Nesse período, os portugueses e espanhóis limitavam-se a navegar pelo mar Mediterrâneo ou pela costa do "Mar do Norte", o Atlântico, indo apenas da Escandinávia ao sul de Marrocos.

Com o desenvolvimento dos instrumentos de navegação e as descobertas da famosa Escola de Sagres, em Portugal, alguns navegadores mais ousados, como Vasco da Gama, começaram a desbravar novos caminhos em busca de açúcar, especiarias e novas terras. Numa dessas ousadas viagens, Vasco da Gama, ao invés de contornar o Cabo da Boa Esperança, traçou rumo ao Ocidente e atravessou o Atlântico, a despeito de todas as lendas míticas de que o oceano seria cheio de monstros e maravilhas.

Essas histórias das grandes navegações, as dificuldades com as embarcações, as doenças que assolavam os marinheiros, como o escorbuto, as maravilhas humanas e da natureza encontradas ao fim dessas longas viagens, foi tema de muitos textos clássicos, como o Esmeraldo de sito orbis , manuscrito de viagem do navegador Duarte Pacheco Pereira, Os Lusíadas , de Camões e a famosa Carta de Pero Vaz Caminha ao rei Don Manuel.

Tais relatos de navegação foram lembrados na Academia Brasileira de Letras, no dia três de agosto, na palestra "A descoberta do Atlântico", proferida pelo embaixador e acadêmico Alberto da Costa e Silva. A palestra faz parte do ciclo "A Literatura do Descobrimento", organizada pelo acadêmico Evanildo Bechara.

"Duarte Pacheco Pereira foi além de um grande navegador, o maior cosmógrafo de seu tempo. Escreveu a melhor descrição da descoberta da América pois tinha um olhar de poeta", elogiou o conferencista.

Evanildo Bechara ressaltou a influência do texto de Pacheco no clássico livro de Camões que, segundo o crítico Orlando Ribeiro, teria sido o mais geógrafo dos poetas. "Camões, inspirado no 'Esmeraldo' descreveu o episódio da tromba d´água, quando no meio do Atlântico, em viagem para a América, a água do mar subiu salgada e desceu doce", lembrou o acadêmico.

O presidente da ABL, que também compunha a mesa, encerrou a palestra comparando a importância da descoberta do Atlântico à atual descoberta do espaço extraterrestre. Lembrou também outros poetas cujas obras falam do oceano como Paul Valéry, no verso " La mer, la mer toujours recomencée!".

Estavam presentes na palestra os acadêmicos Alberto Venâncio Filho, Sérgio Corrêa da Costa, Afonso Arinos de Melo Franco, Ana Maria Machado, Ledo Ivo, Eduardo Portela, Cícero Sandroni, Carlos Heitor Cony e Tarcísio Padilha.

 

 
     
     
 

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