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ABL ANALISA A TRANSFORMAÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA SOB DIFERENTES PRISMAS |
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Dois pontos de vista da transposição da língua do colonizador para a língua do colonizado, o científico e o poético, foram apresentados em palestra na Academia Brasileira de Letras, dia 17 de agosto, dentro do ciclo “A Literatura do Descobrimento”, organizada pelo acadêmico Evanildo Bechara.
O poeta e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Marcus Accioly, principal orador da mesa, falou que o povo brasileiro amaciou a língua portuguesa e foi muito criativo na reinvenção das palavras. Sua palestra foi intercalada com a lembrança dos neologismos criados pelos grandes poetas e escritores brasileiros, como João Cabral de Melo Neto, Guimarães Rosa e Augusto dos Anjos, com récitas de poemas como Trem de ferro , de Manuel Bandeira, que simula o som de uma maria-fumaça: -“Café com pão / Café com pão Café com pão / Virge Maria que foi isso maquinista?”, interpretou com emocionante exaltação, o palestrante.
Já o acadêmico Evanildo Bechara avaliou essa transposição da língua, pelo ponto de vista científico do lingüista. Lembrou que não foram só os brasileiros, índios, africanos e mestiços que amoleceram o português. Ele por outro lado teve as suas sílabas tônicas endurecidas em Portugal, a partir do século XVIII, “o que acentuou as diferenças de ritmo e fonologia entre o português falado aqui e o da terra de Camões”.
Estavam presentes no evento os acadêmicos Eduardo Portella, Ana Maria Machado, Arnaldo Niskier, Sérgio Paulo Rouanet, Cícero Sandroni, Carlos Nejar, Antônio Carlos Secchin, Affonso Arinos de Melo Franco, Antônio Olinto, Padre Fernando Bastos de Ávila, Alberto Venâncio Filho, Lêdo Ivo, Sérgio Corrêa da Costa, Murilo Melo Filho e Nélida Piñon.
A próxima palestra em que Evaldo Cabral de Melo falaria sobre o “Brasil dos Holandeses será substituída pela palestra "Língua, linguagem e identidade cultural", proferida pelo sócio correspondente da ABL, o escritor Mia Couto. Evaldo teve problemas de saúde.
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