“Nem tudo são flores no campo da memória”, disse o acadêmico e ensaísta Eduardo Portella, na abertura do ciclo “Cena e Contracena da Memória”, dia 31 de agosto, na Academia Brasileira de Letras.
O acadêmico falou da dupla face dessa faculdade do pensamento que pode ser ao mesmo tempo amada e temida e que pode ser usada tanto para celebrar quanto para condenar vidas. Portella disse que a história é feita de esquecimento e memória.
“É a lembrança do passado iluminada pelos refletores do futuro. É inventiva. Muitas vezes ela comete grandes injustiças, pois alguns políticos marginalizados recorrem a ela para maquiar a verdade e se promoverem”.
Além do seu uso no resgate da história, o acadêmico comentou também a presença dela em outras áreas do pensamento como na filosofia, nas ciências sociais e, sobretudo, nas letras.
No campo da literatura, o palestrante destacou títulos nacionais e universais que são híbridos, pois são ao mesmo tempo fábulas e reminiscências, como no livro Quase Memória , de Carlos Heitor Cony, Dentro da Noite, de João do Rio e ainda em vários contos de Jorge Luis Borges.
Estavam presentes na abertura do ciclo os acadêmicos Sérgio Corrêa da Costa, Antônio Carlos Secchin, Alberto da Costa e Silva, Alberto Venâncio Filho, Cícero Sandroni, Murilo Melo Filho, Antônio Olinto, Padre Francisco Bastos de Ávila, Affonso Arinos de Melo Franco, Tarcísio Padilha, Carlos Heitor Cony, Zélia Gatai e Celso Furtado.
A segunda palestra do ciclo, que será realizada no dia 14 de julho, ficará a cargo do romancista Per Jonhs, que falará sobre “O papel da memória na história”.