Textos veiculados na lista "Amigos de Blocos" em  agosto de 2001

Por que tardas?

Por que tanto tardas? Vem à noitinha,
quando o dia já descerrou as cortinas
e mergulhou sua sombra
sobre os nossos ombros.
Vem, quando o mar já agita suas vagas
e as lança indóceis sobre incautas pedras
onde medram os musgos
e gemem inquietos moluscos.


Vem depressa, e me afaga
que a noite me assombra
e no lusco-fusco
todos os pardos são gatos.


Vem! Resvala sobre meu dorso, meus pêlos
aninha-me sobre teu colo.
És mar, eu sou terra;
que sejam tuas vagas meu solo.


Não tarda que a noite já se avizinha
e meus sulcos precisam ser percorridos por teus apelos.
Vem, mais que depressa, por que não te atreves?
Não sabes que à noite,
gatos pardos são fardos leves?

Maria Esther Torinho


 
 
 
 

« Voltar