Textos veiculados na lista "Amigos de Blocos" em
agosto de 2001
Rio das Mortes
O Rio das Mortes era assim denominado por ser muito caudaloso,
cheio de pedras em toda a sua extensão, além de
ser bastante profundo em alguns locais, o que dificultava a movimentação
dos barcos e canoas em sua superfície, de toda a população
daquela área a beira rio.
Este rio deu nome também a um vilarejo que se encontrava
às suas margens, Rio das Mortes. Os seus habitantes viviam
basicamente da pesca, que era abundante, principalmente em algumas
épocas do ano.
O vilarejo era pequeno, povoado por pescadores, gente simples
e humilde que vivia satisfeita em sua comunidade, que era formada
de: uma pequena escola com apenas uma professora cedida pelo município
vizinho,uma igreja, que não poderia faltar por causa das
obrigações religiosas, um pequeno posto de saúde
com uma farmácia, um médico que ia até lá
três vezes por semana, uma atendente do posto, mas que no
final, desempenhava o papel de enfermeira, médica, parteira,
orientadora de programas de saúde. O médico e a
atendente pertenciam ao Serviço de Saúde do município
vizinho, que distava dali, dez léguas.
Além desta estrutura havia uma venda do José que
abastecia as famílias de pescadores e recebia após
a venda dos pescados.
Os compradores de peixes vinham a cada dois dias até o
Rio das Mortes, negociar o pescado, que era distribuído
para outros municípios. Assim iam vivendo.
Os moradores do Rio das Mortes tinham as suas festas tradicionais,
as festas da igreja e as festas que representavam alguma coisa
para aquela gente bondosa e trabalhadora. Porém, sentiram
a necessidade de melhorar as condições do vilarejo.
Então se organizaram em um grupo de moradores e procuraram
o Promotor Público da cidade vizinha.
A solução, segundo o Dr. Promotor, seria a criação
de uma Associação de Moradores do Rio das Mortes,
o que facilitaria os contatos deles com o Governo.Todos se animaram
e partiram para o trabalho de criação da Associação,
sempre orientados pelo Promotor.
Depois que a mesma já estava legalmente criada, a Diretoria
visitou o Sr. Governador do Estado, conseguindo já, a sua
primeira vitória.
O Governo do Estado, determinou que a Cia. de Energia Elétrica,instalasse
toda a infraestrutura de energia para o Rio das Mortes,pois muito
benefício poderia vir para o povoado.
Em princípios, estava previsto um entreposto de peixes,
necessário à conservação do pescado.
Pequenas outras fábricas que pudessem melhorar as condições
sócio-econômicas do lugarejo, além de aumentar
o número de empregos, que até então, era
apenas a pescaria e a agropecuária rudimentar.
A agropecuária do vilarejo era de subsistência familiar
e de caráter quase que artesanal. Tudo seria mudado com
a chegada da energia elétrica, além do conforto
das famílias do vilarejo, que teriam condições
de adquirir os aparelhos eletrodomésticos, facilitando
em muito a vida das donas de casa, além de gerar uma economia
extra, em função do não desperdício
dos alimentos.
Além destes benefícios, a energia iria também
auxiliar as partes hidráulicas, tais como: chuveiros elétricos,
bombas para abastecer as caixas de água, os reservatórios
de distribuição pelo vilarejo.
É de se observar que a luta, a perseverança da ação
popular e a vontade política daqueles moradores, humildes,
mas que já conheciam as suas necessidades e com muita garra
e fé no padroeiro do vilarejo, conseguiram os melhoramentos
citados, podendo desta forma, na continuidade desses trabalhos,
chegar algum dia à condição de município.
É um exemplo a ser seguido.
Alberto Metello Neves
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