Na Plataforma

Não tenho medo de assumir
minhas pernas.
Duras,compridas, flexíveis.
O homem as olhava
na plataforma de trens.
O que esperava?
Deserto.
De certo, nada nele
chamaria atenção,
Não fosse o grande cão
ao lado e o fato
da braguilha aberta
deixar saltar o pênis:
orgão humanoide e animal
Da massa, grosso, escuro,
Uma carcaça dura,
Fingi que não vi.
Ele levantou e compôs-se,
Partiu meio galopante
como um Sagitário,
levando seu pau de cavalo.
Mas o estrago estava feito:
Nós dois sabíamos
qual seria o efeito.
Dito e feito.
Fui atrás dele.

Clélia Romano