Textos veiculados na lista "Amigos de Blocos" em  junho de 2001

 Hoje eu quero trégua                                                       

          Em meio à luta para de conscientização para todos nós do caos imenso desse país, às indignações pelos sofrimentos que os homens políticos nos causam, á tristeza de saber do egoísmo de cada elemento do poder, procurando lutar para encontrar um meio de ajudar ao filho da minha boa e querida Inês, não posso hoje deixar de pedir um dia de trégua para exultar meu coração em um momento de alegria pessoal. 

         Mesmo com as catástrofes que me causam revolta e dor, meus olhos estão brilhantes de lágrimas de felicidade nesse dia memorável em que revi meus valores interiores, e de repente encontrei conclusões surpreendentes. Que posso com carinho abraçar e sorrir alguém muito querido que também sorrindo e com olhos úmidos vem ao meu encontro e procuramos resgatar afeição profunda e mútua traduzida na compreensão e na amizade.

           Hoje quero uma trégua, porque  aos meus olhos, o verde da natureza está mais intenso, as flores mais belas em seus tons coloridos , o azul do céu ainda parece com a cor dos olhos que foram de meu pai, o sol que me aquece me transmite um vigor nunca encontrado, enquanto no horizonte vislumbro com intensa nitidez a amplidão que se apoderou de minha alma e que a resgatou imune e fascinada.

           Hoje quero um momento de trégua para sentir todos os elementos do universo, sorrir em deslumbramento para as crianças, entender suas efusões e abraçá-las com o carinho que merecem, misturar-me aos adolescentes e entender seus sonhos contraditórios amando com efusão toda as pessoas e seres que fazem parte deste planeta.

            Hoje quero trégua para rir e me alegrar intensamente demonstrando em todos as minhas efusões a luz (interna, é claro, que nenhum apagão conseguirá ofuscar) incandescente e vibrante que se projeta em feixes dourados avaliados pela ternura de todos os meus sentimentos.

             Hoje peço embevecida e trêmula essa trégua que está me levando pelos caminhos  de uma estrada de ar puro cujo oxigênio transborda em exuberante vida . E então me sinto magnificamente bem, como se apenas estivesse começando a viver e fosse experimentar a candura da alma infantil.

            Nesse instante de exultação em que vejo o mistério de um planeta sempre exótico e enigmático, quero abraçá-lo com a certeza da minha felicidade, dos anos que poderão vir, das gargalhadas de satisfação que ecoam em todos os lugares que passo e da concretização de objetivos, fruto das reflexões maravilhosas  que me custaram muita e inexorável dor.

            Nessa trégua quero viver intensamente e esquecer tormentos ou melancolia, dias escuros e noites tormentosas. Quero viver e , agradecer, amar, entender, absorver, e simplesmente contemplar outros olhos úmidos de alegria e emoção , enxugá-los com o poder e a força da minha sensibilidade e sorrir o mais intenso, sincero, vibrante, mágico e duradouro sorriso que ele jamais viu em meus lábios.

           Trégua, trégua, por favor, nesse dia em que derramo minha alma em gotas de exultação constante e persistente  e encontro  encantada a ressonância e a alegria de outra alma cujo canto me reflete o riso que me transborda.
                                                  
Vânia Moreira Diniz 
 

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