Textos veiculados na lista "Amigos de Blocos" em
junho de 2001
POEMA AMBULANTE
Meu poema sai da toca
Da boca e te toca
Ensaio e prova
Analogia e sintaxe
Sai a palavra de saia e blusa
Sem carro e sem táxi no meio da rua
Um poema sem rumo e sem remédio
Um corvo deixando a alcova
Um beijo trocado na Lua
Pois se tudo se usa e se troca
Posto mercador o mundo
Nem tudo contudo é musa
Conquanto figura de enfeite e deslize
Voz e vocábulo
Mais que humano: urbano
Navegante pelos seixos
Dos leitos dos rios secos
Repousa no espanto de bicos seios
Situados no alto de dois formosos edifícios
Que fremem imperceptíveis ao mais leve roçar do vento
Ricardo Alfaya |