Textos veiculados na lista "Amigos de Blocos" em
junho de 2001
Código Universal
Todos nós, alguns com mais intensidade, outros com menos, temos
a necessidade por algum período da nossa vida em crer com mais força
na presença de um criador. Aquele que nos conforta intimamente em
nosso dia-a-dia ou mesmo quando uma perda imensa nos torna reflexivos quanto
ao objetivo da nossa existência que deixa de ser mera conseqüência
do nascer.
Nessa hora entramos em sintonia com um código universal, independentemente
do nome a ele dado pelas culturas humanas. Nos conforta e pronto.
Algumas pessoas nascem com essa sintonia mais acentuada e a manifestam
através das músicas, das pinturas, das letras, da interatividade
etc, ou mesmo do próprio sorrir. Não é raro mantermos
um primeiro contato com alguém que nos transmite tanta afeição
e segurança que a interação se torna imediata. A ele
entregamos nosso íntimo sem qualquer receio.
Às vezes por falta de compreensão do nosso papel enquanto
ser vivo nos sentimos meio renegados pelo universo, como se o que somos
ou deixamos de ser dependesse unicamente dele e não da nossa interatividade
com a própria vida.
Pelo fato de vivermos em sociedade, vivemos um papel como ator social.
Podemos ser principais ou mesmo secundários ou até coadjuvantes,
dependendo do nosso entendimento que somos atores vivos da história.
Quanto mais nos compenetrarmos disso, mais nosso papel se aproxima de
atores principais da sociedade humana. Isso não quer dizer
viver determinado papel, mas sim qualquer papel que produza interação
e conseqüentemente mudança no meio em que se vive.
É um erro muito freqüente - por falta desse entendimento
- delegarmos representação para outra pessoa viver nosso
papel, nos recolhermos a um plano secundário de vida e aceitarmos
passivamente as regras daquele jogo social sem qualquer acionamento de
mecanismo de mudança.
O Estado enquanto ente abstrato geopolítico joga um jogo de democracia
representativa e é um exemplo muito claro disso. De quatro em quatro
anos elegemos algumas pessoas para nos representar perante dois poderes
do Estado, segundo suas próprias conveniências políticas
e que acabam determinando os rumos de toda uma sociedade humana.
Os mecanismos de mudança, caso as regras daquele contrato político
firmado entre eleitores e eleito não forem atendidas ou completamente
desviadas daquela finalidade inicial, são muito difíceis
de serem acionados e dificilmente atingem ao fim colimado.
Há que se ter noção que a interatividade entre
o ser vivo e a vida é tão importante para sua existência
que um não vive sem o outro. De tão lógico, isso até
parece obvio demais. E o obvio às vezes é tão tolo
que o tolo precisa do obvio para ser convencido.
Assim é a relação política existente entre
cidadão e Estado. Um não vive sem o outro. A relação
normal é de interatividade e necessidade de coexistência pacífica.
Quanto mais o cidadão tiver noção que ele é
importante para o Estado, mais o Estado terá sua finalidade alcançada
que é bem simples e prática.
Arrecadar riqueza e distribuí-la como serviços essenciais,
com demonstração inequívoca de sensação
de segurança, paz e tranqüilidade para seu povo.
Esse é o Estado ideal. O modelo de sua administração
além da representação política que dever ser
sob mecanismos transparentes, claros e que de fato representem ao máximo
a maioria do povo, deve incondicionalmente ter a participação
popular de maneira tal que seja representativo e participativo.
Dessa maneira as desigualdades sociais serão bem menos acentuadas
e haverá em decorrência uma justiça social e uma melhor
distribuição do bem comum. Esse é o código
político-social.
Não adianta desconhecer o código universal, pecar e depois
orar a Deus que tudo estará resolvido, como não adianta somente
exercer o voto, se omitir e depois achar que um presidente tudo resolve.
Esses erros são fatais. Cedo ou tarde a ignorância existencial
ou mesmo política cobrará seu preço. É a lei
da vida. É a lei do universo.
Douglas Mondo
|