Textos veiculados na lista "Amigos de Blocos" em
maio de 2001
Achei lindo o que a Sil disse. No meu caso, porém, acontece o
oposto: sou sitiante (mais para plantadora de abobrinhas) e neta
de poetas. Até escrevi no meu diário em 19 de agosto de 2000:
"Meu outro avô, Argemiro, também poetava. Aliás,
também tirou o time antes de eu chegar e também era dentista
e feito por si mesmo: saiu de Jacarezinho (PR) aos doze anos para ir cavar
a vida. Casou-se com a vó Luiza, que era uma fera. Dessa, eu me
lembro. Oh, se lembro!... Ele não deixou muita coisa escrita, mas
tenho uns versinhos aqui, feitos para uma mocinha chamada Vida, que quase
lhe custaram a dele - parece que minha avó não achou graça
nenhuma na história. Não estou encontrando o papelzinho agora,
mas era mais ou menos assim:
Vida, ó Vida, tua vida
inflama as almas que a vêem.
De amores vives na vida,
a vida tu matas d'alguém.
Ele tinha que apanhar mesmo, não tinha?!... Mas não pela
métrica, que acho que era perfeita. Eu é que não estou
me lembrando direito de como era o último verso."
Maria Emília Berthier |