Almoço de domingo

Mãe acabei de lhe convidar para almoçar, nesse domingo comum, sem nada a
comemorar. Tenho certeza porém, que iremos lembrar muito desse dia no futuro e não por ser o primeiro domingo frio do ano.

Há muito tempo não vamos a esse restaurante. Quando morei pertinho dele, em Copacabana, íamos sempre lá comer a feijoada dos sábados, o cozido dos domingos, o bolinho de bacalhau, o churrasco... e nossa mesa era animada. O Gabriel deixava o sogro decidir sobre a caipirinha na entrada, as cervejas ou o vinho depois - porque, assim, a bronca das mulheres chegava até ele de forma indireta.

Hoje, as "crianças" estão passeando e não irão conosco. Viúva, a senhora não
precisa vigiar as caipirinhas e, o Gabriel, terá que assumir seus desejos e as conseqüências. Aliás, nós três (eu, a senhora e ele), poderemos escolher o que comer ou beber, assumindo nosso próprio desejo. Não esquecendo porém, dos ausentes, que gostaríamos que ali estivessem. E, provavelmente, estarão em nossos pensamentos e palavras. Hoje, são três presenças e várias ausências...

Domingo, 6 de maio de 2001

Lenise Resende