Textos veiculados na lista "Amigos de Blocos" em
maio de 2001
CARTA ABERTA AOS BRASILEIROS
O Brasil finalmente é nosso. Na adversidade o conquistamos e
compreendemos que não é somente um país dos políticos,
das autoridades ou até de alguma expressão pouco lisonjeira.
O País é nosso! Nos pertence, e a ele - tão maravilhosamente
– nos entregamos com galhardia e amor. Um ato sublime de interação
física e mental.
Devemos defendê-lo como se fosse nosso filho ou como se filho
dele fôssemos. Não emocionalmente, mas com a razão
das paixões e a paixão da razão do nosso viver.
Não há como não sentir a destruição
dos nossos valores morais, da nossa quase combalida ética social
ou mesmo dos nossos recursos naturais que se esvaiam nos últimos
suspiros da nossa fauna e da nossa flora.
Estamos sendo expulsos do paraíso. A espada da injustiça
representativa nos empurra ao pecado. Ao pecado da omissão que assola
nossa ignorância política e participativa, que um dia se alicerçou
somente num pedaço de papel ou mesmo numa tecla eletrônica
marcando um nome que infantilmente sonhávamos
que seria o "salvador".
Devemos - inicialmente - apregoar o perdão. Já que agora
conscientes temos a noção que a vida nos pertence e que vivê-la
passa pela solidariedade, pela compreensão, pela divisão
de responsabilidade e obrigações.
Devemos perdoar nosso Presidente da República e seus Conselheiros
pelo ato falho das alianças espúrias que nos conduziram ao
inferno político, onde a administração pública
cada vez mais se afastou da distribuição do bem comum.
Devemos compreender que foi tragado pela empáfia intelectual
- passando ao largo da humildade política - e que achou, infantilmente,
que poderia a todos abarcar num mesmo sonho de um país melhor e
igualitário.
Ledo engano!
Devemos também perdoar os desonestos e os que sempre acharam
que poderiam extrair sempre uma vantagem a mais, em detrimento de todos.
Quanta ignorância, meu Deus!
O poder do legado não está na herança patrimonial,
nem no nome de família, mas sim no patrimônio genético
que sabiamente não encontra guarida na racionalidade física
ou emocional, mas sim no simples ato da existência humana. Nada mais
sábio e prazeroso!
Devemos também perdoar os nossos meios de comunicação
pela pouca compreensão que fatos outros também produzem efeitos,
mesmo não registrados pela mídia quase nada humilde.
A mesma mídia que produz heróis e vilões, em folhetins
às vezes beirando situações dantescas e cujas conseqüências
nem ela ousa reproduzir.
Devemos ainda nos perdoar pela ação impensada ou pela
omissão não sentida, mesmo tendo consciência que também
era nossa responsabilidade aquelas vidas jogadas numa sarjeta qualquer,
no movimento do ato de pedir e de negar, ou mesmo de dar e da culpa se
livrar.
Do ato de punir em minúsculas jaulas os frutos que julgamos podres
e que não servem para conviver com nossas magnânimas existências.
Tolos! Como somos tolos!
Devemos, finalmente, comungar com o pensamento que todos nós
somos responsáveis por todos nós e para desfrutarmos das
riquezas incontáveis que nosso país oferece, é necessário
defendê-lo como se fosse nosso filho ou como se filho dele fôssemos.
Com a razão das paixões e a paixão da razão
do nosso viver. Afinal, somos todos brasileiros.
Douglas Mondo |