Textos veiculados na lista "Amigos de Blocos" em  maio de 2001

Mãe

Tristes não, nem saudosos. Alegres, talvez.
Apenas certos de estender aos anos
alcatifas de coradas flores.

Não cúmplices, mas pedaços
de uma vida, a mesma, entrelaçados
por fecundo sêmen, no estertor de legítimo gozo
de humores a fluir com força:
momento de evocar-me à luz.

À luz, à luz... como vim
e vi-me feito à imagem
de Deus, dizem os crentes;
do Homem, é o que diz Deus.

Há, sim, o entendermo-nos sempre.
Refazer das carnes após o amor de hormônios,
multiplicar de genes, gestar com paciência,
parir entre dores, odores, suores
e as sempre lágrimas.

Deu-me o plasma, e o sorvi como a vida;
deu-me formas, palavras, cores, paladares,
música, dimensões, poesia
e o sentir,
que não se é poeta
impunemente.

De risos, lágrimas, sucessos,
e de tristes, felizes, esperanças
e de entes queridos ou distantes,
a fé no verbo te eterniza em mim.

Luiz de Aquino

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