Textos veiculados na lista "Amigos de Blocos" em
maio de 2001
Nasci aos vinte e oito dias do mês de maio em um ano qualquer
de Nosso Senhor Jesus Cristo - fazia um frio danado - e minha mãe,
coitada, fingia-se de forte para impressionar papai (Deus o tenha), que
detestava mulher escandalosa. Eu, que nem me importava ainda com o sofrimento
alheio, queria mesmo era colocar a cara no mundo, pois já andava
cansada daquele aperto todo.
- Essa criança é fogo na roupa, se for menino, será
jogador de futebol, se for menina, será bailarina. Disse o obstetra.
Acertou em parte, Doutor! a dança ensinou-me a ser leve na vida,
cuidadosa em não machucar os caminhos. De resto, sou o que escolhi
ser: livre.
E assim vim ao mundo, gritando e cheia de fome. Os gritos - absolutamente
desnecessários - controlo-os à medida em que cresço.
A fome, ah!... essa nunca passou... Graças a Deus!
28/05/01 - 01:38
Mariza Lourenço |