Inspirado no poema da Leninha (Carícias)

Mulher-lua cheia

Encontre-me sexta-feira, quando for lua cheia
na hora exata da noite e meia,
quando o lobo que existe em mim
estiver mais que pronto a devorar-te
fibra por fibra, pedaço a pedaço.
Os girassóis em meu peito aguardam teus braços.

Vem de mansinho, sem fazer alarde.
Não fales de sóis e de claridades
que daremos um salto sobre o escuro do mundo
pois sonho um tempo sem fim
a sentir-te as carícias de dedos suaves
a fazer de mim e de ti o recomeço de nós
a sentir-te o eco profundo de mim
nas carícias suaves de tua voz.

Sexta-feira, último dia de lua cheia...
Vem de mansinho, para que a lua nos ilumine
e eu possa olhar-te em todas as tuas faces
e ouvir-te os segredos e meias verdades
com que sempre te ocultas
e contar-te meus sonhos e minhas verdades e meias.
Vem de mansinho, mas vem depressa
compartilha comigo dessa ceia de amor,
mulher-menina de quatro fases
mulher-lua cheia, que me iluminas
e te fazes semente de meu esplendor.

Maria Esther Torinho