Textos veiculados na lista "Amigos de Blocos" em
novembro de 2001
Envio essa crônica, para alegrar vocês e dediico-a
a minha filha Valéria, motivo de eterno contentamento em
minha vida.
FILHA
Como toda segunda -feira encontro minha filha na academia de
ginástica. Chego antes das cinco horas, com o carro dela,
e ela chega em torno das sete horas com o meu. Trocamos de carro
por que é dia do rodízio dela e eu rodo muito pouco
e tenho mais tempo para fugir do horário de rodízio
que nós paulistamos adotamos para viver apenas o cáos
parcial no trânsito. Agora que ela está trabalhando
como advogada consultora, mal tem tempo de respirar, dividindo-se
entre a profissão, o marido, a pós-graduaçao
duas noites por semana, a ginástica e...a imensa necessidade
que sentimos de ter um tempo para nós duas vamos suprindo
aqui e acolá, tal como no intervalo entre duas aulas de
ginastica, que fazemos juntas, às segundas.
Nos somos muito disciplinadas, eu do tipo marcial e meio musculosa,
ela, quase trinta anos mais moça, delgada, longilínea,
virginiana e dengosa. No treino sou mais forte que ela, mas em
flexibilidade... parece ainda criança!
Pois entramos na última aula, eram oito horas da noite:
uma modalidade pesada, que, para os que não conhecem apresento:
é uma mistura de trabalho de musculação,
feito com uma barra com pesos, que cada um coloca em sua medida:
existem pequenos, de um quilo, médios de dois quilos e
meio e grandes de cinco quilos, e resistência, você
faz cerca de cinco minutos de repetições para cada
grupo muscular. Um atleta chega a colocar três pesos de
cinco quilos de cada lado de sua barra, e executar o treino com
esta carga. Estou longe disso, e minha filha mais ainda.
Lá estávamos nós, ela logo atrás de
mim, cercadas por nossas barras e cargas previamente escolhidas,
naquela confusão de anilhas para todo lado, pois a cada
exercício a carga é modificada.
No meio da aula, procuro, para compor minha barra uma carga pequena:
A professora grita:
Fuuuuui!
Eu grito de volta:
Espera! Não acho a minha pequenininha!
Então escuto, atrás de mim, uma vozinha tatibitati:
Tô aqui, mami!
Clélia Romano
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