Textos veiculados na lista "Amigos de Blocos" em  outubro de 2001

Como já está virando moda, não resisti ao poema de Leninha, e escrevi minha versão pessoal dessa coisa deliciosa, morticiamente delirante, chamada morte entre amantes.

Psicose


Ate-me! pensei, com desejo.
Mas... diante de tudo,
prefiro que me mate!

Mate-me dentro de casa,
de maneira íntima, uma morte
que você construiu só pra mim.
Mostre interêsse, e mate-me!
Que seja na cozinha ou na cama,
na sala de visitas, com o punhal antigo,
mas no banheiro,atrás da cortina, jamais!
(Esta cena é batida demais)

Use uma Winchester da guerra de secessão,
ou um lenço de seda branco,por exemplo,
como suas memórias de nosso caso.

Se quiser música de fundo
seja criativo e não sertanejo.

Não permita enfim que essa morte
pareça casual, um assalto na rua,
um crime banal de periferia.
Isso eu não gostaria:
meu corpo encontrado
em qualquer lugar.

Desejo que liguem vítima e assassino:
uma aliança que você nunca quis dar.

Clélia Romano
 

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