Textos veiculados na lista "Amigos de Blocos" em
outubro de 2001
Custo brasil
Existe um axioma jornalístico que diz: "Se a imprensa
não noticiou, o fato não aconteceu".
Na mesma linha outro brocardo jurídico afirma: "A
sentença judicial transitada em julgado, faz do branco
o preto e do quadrado o redondo".
Ambas as afirmações, quase que imutáveis,
baseiam-se na chamada "verdade formal", que é
aquela advinda da interpretação humana sob um juízo
de apreciação decorrente de uma matéria jornalística
ou de um processo judicial.
Essa verdade pode ser igual ou não ao acontecimento havido,
denominado "verdade material" que é o fiel retrato
da realidade acontecida.
Independentemente do juízo humano de apreciação,
não há como negar o principal conceito de que ambas
as verdades tendem a se igualar para que seja aplicada a chamada
"consciência de igualdade", ou na melhor definição:
justiça.
Justiça como resultado de uma intervenção
do Estado para que haja a efetiva aplicação dessa
"consciência de igualdade", como também
a publicidade do acontecimento para que a sociedade dele tome
conhecimento na sua exata dimensão.
Para que essa mesma sociedade tenha pleno conhecimento da realidade
e haja a ideal conduta de seus cidadãos com a perfeita
noção do juízo de apreciação
do bem e do mal, a relação entre eles não
pode se basear em falsos princípios ou falsa devoção
àquela própria sociedade.
A entrega a um objetivo ideal tem que obter a devoção
da maioria de seus cidadãos, bem como essa mesma meta tem
que ter como finalidade uma arrecadação justa da
riqueza proporcional ao pagamento de quem mais têm, para
ser distribuído como serviços essenciais a quem
menos têm.
Os meios de produção de riquezas têm que
funcionar de maneira a fluir bens duráveis e de consumo
para atendimento às necessidades da maioria da população
daquela sociedade.
Os acessos à educação, saúde, moradia,
transportes e demais necessidades essenciais também devem
ser livres, fáceis e baratos, de maneira que atinjam quase
a totalidade daquele povo que a compõe.
Quando as relações humanas se aproximam desse ideal
temos uma sociedade rica e próspera, com a felicidade estampada
na alma de todos os cidadãos.
Atualmente em nosso país temos uma relação
humana baseada na inversão de todos os conceitos e valores
ora citados como ideais.
Temos um Estado predador e totalmente injusto, já que
aplica uma carga tributária impagável pelos meios
de produção e comercialização, bem
como utiliza como principal fonte de arrecadação
parte da renda salarial de seus cidadãos, tornando quase
que isento de pagamento as aplicações financeiras
especulativas baseadas em juros extorsivos.
Por outro lado temos parte da imprensa escrita, falada e televisiva
aprisionada ao capital especulativo, que detém poder de
mando através de seus políticos eleitos de maneira
bem distante das vias democráticas.
A citada justiça aplicada pelo Poder Judiciário
raramente atende de fato as necessidades da maioria da população
brasileira, que sequer tem acesso a ela devido ao alto custo e
burocracia existente.
O poder político exercido junto ao Executivo e Legislativo,
também está a serviço de uma casta privilegiada
que o utiliza para manutenção de se "status
quo", vivendo como reis em terras de miseráveis.
Comprova-se tal afirmação pela simples verificação
do patrimônio individual de cada político brasileiro,
bem como de seus familiares em relação ao início
de suas vidas públicas.
Raro é o político brasileiro que termina sua vida
pública da mesma maneira que começou, isto é,
com ética no viver e decência na defesa de seu mandato
outorgado pelo povo brasileiro.
Os discursos inflamáveis ainda tendem a criar jogos de
cena onde a população se impressiona com palavras
eloqüentes, mas que na verdade retratam apenas demagogia
e é o fiel reflexo no espelho da ignorância brasileira.
Infelizmente pelo tamanho geográfico do Brasil, bem como
dos estados da federação habitados por diferentes
culturas e pela ausência de conhecimento de seu povo, teremos
ainda durante muito tempo um sistema de governo baseado na exploração
da maioria da população brasileira, bem distante
do objetivo de distribuição do bem comum, na razão
direta de sua ignorância política.
Douglas Mondo
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