Textos veiculados na lista "Amigos de Blocos" em
outubro de 2001
Oportunidade e Conveniência
Oportunidade e conveniência. Duas palavras que podem ser
utilizadas em qualquer situação.
Ambas são como homem e mulher. Uma desacompanhada da outra,
dói n'alma feito solidão. Juntas beijam o prazer
em noite de verão.
A oportunidade se oferece quase sempre. Talvez seja a mais atirada.
Aquela que atenta o equilíbrio, que almeja o fácil,
que toca o espírito, que leva o oportunista a ajoelhar-se
ao pé do diabo.
É a pura tentação.
É como o reflexo da uma imagem distorcida. Na hora parece
a melhor decisão, depois sem maquiagem mostra a face da
pura desilusão.
Fazer amor com a oportunidade, desacompanhado da conveniência,
é como brincar de fantasma em noite escura: a brincadeira
se transforma em medo da própria consciência.
Aquele que confunde oportunidade com conveniência: joga
o jogo mais alto, mas corre o risco de apostar no preto e saborear
o vermelho da dor da impaciência.
A oportunidade sozinha é a meta principal do imediatista.
Às vezes levado pelo desespero e necessidade, outro binômio
que nunca levou nenhuma vantagem em tal sociedade.
Já a conveniência gosta de seu mostrar bem certinha.
É o puro respeito à decência.
É a moça recatada. Nunca em público por
alguém beijada. É a virgem imaculada.
No risco nunca se atira. Morre de medo de arranhar sua imagem
de respeito às regras sociais. Veste-se de branco em chá
de júbilo aos jogos finais.
Agora, quando se encontram: É o respeito e o desrespeito
se amando como o gozo supremo dos imortais.
Quando aparece a oportunidade e a conveniência deixa cair
seu véu de grinalda, o resultado é aquele sonhado
regado com mel dantes nunca saboreado.
É o regalo para os deuses feito contentamento e nostalgia.
É o verso épico da poesia.
É o perigo posto de lado, relegado a um segundo plano.
Jamais os atacará nesta ou noutra vida.
Nessa hora a conveniência se oferece sensual e atrevida.
E a oportunidade então, se lança molhada, feito
água-de-bica. Mata a sede e banha o corpo num ritual de
alma lasciva.
Quem as conhece e amor com elas faz com sabedoria, deita com
a felicidade e acorda com a alegria.
Douglas Mondo
|