Textos veiculados na lista "Amigos de Blocos" em  setembro de 2001

Noite Vadia

Me leve para dançar essa noite,
em uma dessas casas noturnas,
e lá, ao me agarrar, indecente,
sorria, atrevido, a quem me cobice com fome.
Pague-me então, uma bebida gelada;
finja calor, desabotoe a camisa,
peça ao garçom que coloque outra música.
Afague-me as coxas, paquere com todas,
trate-me assim; como se não se importasse,
confunda meu nome, me chame de Lúcia.
Deixe que eu ensaie um começo de briga,
gargalhe - insolente - e me pague outro cuba.
E quando não mais aguentar de vontade,
peça a conta e, ao ouvido, me fale bobagens,
sorrateiro, arraste-me para um canto escuro,
e sem aviso ou cuidados, me erga o vestido.
E nessa hora, perca de vez a cabeça,
me prometa o céu, diga que sou sua fêmea,
que no mundo não existe mulher mais gostosa.
Me lamba, brinque com meu delta, me beije,
e ao sentir que de mim nada restou,
a não ser seu grito saciado de gozo,
diga que é tarde, que precisa ir embora.
E não ligue para a minha cara de espanto,
deixe de lembrança seu lenço, um nome,
e a jura de que um dia qualquer você volta.

Mariza Lourenço

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