Textos veiculados na lista "Amigos de Blocos" em
setembro de 2001
Amigos:
Creio que devemos dizer a verdade, mesmo em poesia.
Não devemos ser alheios à política, ao terror
e às suas causas. A Poesia e a Literatura são um
modo de penetrar pelo sentimento no que a razão por vezes
não penetra.
Por isso escrevi esse poema. Para que abramos nossos olhos, e
não nos iludamos quanto à lavagem cerebral a que
são submetidas as crianças no Afeganistão
e no mundo criado pelo Teleban, inclusive o Irã.
Tais coisas que sei e vejo pela televisão, inspiraram-me
esse pequeno escrito, muito longe do verdadeiro horror a que devem
ser submetidas essas mentes infantis, indefesas e prontas à
lavagem cerebral.
CAMINHO DO CREDO
Tenho esperança.
Ainda hei de desfilar
com minha uzzi junto ao peito.
Creio em Alá e no mundo perfeito,
nas vinte e oito virgens a me alimentar
depois de morto,
se fizer tudo que ensinou o Mullah.
Creio em Alá.
Vou fazer a guerra santa,
ser, quem sabe, homem bomba,
o importante
é ver o ocidente tombar.
Meu pai terá orgulho de mim,
e Alá não vai me abandonar.
Na escola há farinha e água,
não vou passar fome,
se fizer o que ensina o Mullah.
Nasci para servir Alá.
Clélia Romano
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