Textos veiculados na lista "Amigos de Blocos" em
setembro de 2001
Histórias do Café
Nossa história iniciou em 1992 no sudoeste mineiro. Ela
se refere a uma família de pequenos e modestos agricultores
com propriedade familiar e prole numerosa cujo sustento da mesma
era feita a base de lavouras de arroz, feijão e milho,
uma pequena horta e umas poucas vacas a fornecer parco leite que
alimentava os menores.
Fizemos uma visita a essa família e sugerimos aumentar
a renda da propriedade, trazendo assim uma melhoria nos padrões
de vida daquelas pessoas trabalhadoras.
Vamos mudar esta propriedade? Dar melhores condições
de vida para todos? perguntei.
Mas como fazer, Augusto?
Estamos vivendo da lavoura branca, como você vê.
Joaquim. O Governo está financiando o plantio de café
em condições bastante favoráveis aos pequenos
produtores.Já observei que você pode plantar aproximadamente
3.000 covas de café, usar toda essa mão de obra
de casa e com certeza, tudo vai melhorar.
Mas, Augusto, como é que eu devo fazer? Joaquim, se o amigo
quiser, eu vou lhe ajudar. Vamos colocar uma lavoura de café
nesta propriedade? Todos gostariam, não?
Aceita? Sim, aceito.
Bem, Joaquim, na segunda feira nós vamos ao Banco tratar
do financiamento dessa lavoura, não precisa ficar preocupado,
pois tudo vai dar certo.
Conforme combinado, fomos ao Banco, falamos com a Gerência
e já saímos de lá com a proposta aprovada.Em
seguida, esta proposta foi encaminhada para o Órgão
responsável do Governo, para que fosse elaborado o plano
de financiamento.
No dia seguinte, o Agrônomo do Governo, Augusto,foi para
a propriedade do Joaquim para montar o plano. Foi escolhida a
gleba onde ia ser instalada a lavoura, medida e demarcada.
O Joaquim já era outro homem e a sua família muito
satisfeita, pois era seu sonho, ter uma gleba de café,
nem que fosse pequena.Logo a seguir, começaram a trabalhar
na área, para que no início das águas as
mudas fossem colocadas no chão.
Houve muito trabalho, toda a família ajudando, cada qual
com sua tarefa e as coisas estavam progredindo.
O tempo foi passando,os tratos da lavoura sempre seguindo o plano
elaborado pelo Agrônomo, foi construído um terreiro
de chão batido, sempre com muita economia, pois os recursos
fornecidos pelo Governo eram aplicados na lavoura.
Todos que viam a lavoura, gostavam, pois realmente estava muito
bonita e promissora já para a primeira colheita.
Augusto, você está gostando? Está tudo certo?
Sim, e a florada está bem fortalecida, pois temos suficiente
umidade e calor. A florada vai pegar bem. Ainda teremos pelo menos
mais uma florada. Verifique a quantidade de abelhas que está
junto aos cafeeiros. Isto tudo, deverá traduzir-se em uma
safra razoável, já na primeira.
Podemos já providenciar o material de colheita, para que
nada fique atrasado.
Agora pergunto a vocês, estão satisfeitos?
Dentro de mais algum tempo, estaremos colhendo e tenho a certeza
que todos irão ficar muito contentes com o resultado que
deverá ser bom.
Chegou a colheita. As atribuições foram repartidas
por todos os membros da família que trabalhavam cantando
e orando, agradecendo a Deus o maná que estavam recebendo.
Tudo correu bem e o produto foi para a Cooperativa de Cafeicultores,
que conseguiu negociar o café do Joaquim quando o mesmo
havia obtido uma alta na Bolsa de Nova York.O dinheiro da venda
do café, foi depositado pela própria Cooperativa,
no Banco, na conta do Joaquim.
O Joaquim, muito contente, procurou o Agrônomo para convidá-lo
para um churrasco no seu sítio.
Todos os elementos da família estavam contentes e felizes,
pois o Joaquim havia melhorado as condições de sua
casa, pagas todas as dívidas de farmácia, açougue,
lojas, etc.
Além do mais,o Joaquim adquiriu um veículo antigo,
mas em boas condições.
Tudo estava mudando para aquela família e a mesma estava
toda concentrada no sítio. Era o maná. Só
Deus foi o responsável por toda aquela transformação
e o seu instrumento foi o Augusto.
O Joaquim nunca mais foi visto com chacota, pois agora, ele era
um pequeno e próspero empresário.Conseguiu inclusive
mandar alguns filhos à Escola do bairro.
O trabalho, a perseverança e um auxílio com muita
lealdade, ao lado da fé, transportam montanhas.
Alberto Metello Neves
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