Textos veiculados na lista "Amigos de Blocos" em  setembro de 2001

O Homem e Deus

Crer ou não em Deus. Deus nasceu com o homem ou o homem nasceu de Deus?

Essa questão sempre intrigou os pensadores. Normalmente um intelectual se diz ateu, isto é, aquele que não crê em Deus.

Se partirmos do pressuposto que Deus criou o homem, não há como nele não
acreditar, já que somos produtos de sua criação.

Se partirmos do pressuposto que o homem criou Deus, na verdade veio dar forma, ainda que abstrata, a uma necessidade humana de credo num ser superior.

Desde o surgimento do homo sapiens, provavelmente ao olhar para as estrelas e para si próprio, deu-se conta de sua insignificância perante o universo e nessa hora surgiu a necessidade de posicionar-se em relação à imensidão dos céus.

Alguém teria criado tudo aquilo que o homem primitivo observava além de seu próprio olhar.

Durante a história da humanidade, muitos nomes foram dados à figura de um
criador do universo. Quer seja pelas religiões politeístas, como pelas monoteístas.

Todas trouxeram sempre em seu âmago o homem como produto de um criador e a
interminável busca humana no aperfeiçoamento do espírito até elevar-se ao plano divino, como paradigma universal.

Nesta ou noutra vida.

A teoria mais aceita cientificamente para a criação do universo é a que o mesmo encontrava-se em forma bastante condensada e teria sido originado após violenta explosão, com sua conseqüente expansão.

Alguns cientistas defendem que esta expansão chegará ao fim e haverá o retorno à sua forma condensada inicial.

Uma das grandes dificuldades do intelecto foi aceitar a conjugação de dois verbos ao mesmo tempo e que não trouxessem a incoerência dessa aceitação: Crer e saber.

Assim surgiu a grande indagação: crer apenas no saber, como racionalização
do credo, ou saber que o credo a um ser superior é característica fundamental da espécie humana?

A racionalização do credo torna insatisfatória a relação homem-universo, já que o coloca como observador, havendo o perigo da não interação com as coisas que são inerentes ao próprio homem.

Por outro lado, o credo apenas como característica fundamental do homem pode colocar em risco seu espírito investigativo sempre em busca de uma verdade universal e absoluta.

De maneira ou outra, crer em Deus ou o ateísmo como forma antagônica ao credo, acaba por colocá-lo no centro de referência para uns e para outros.

A existência do universo é inquestionável e sua criação sempre aguçará a mente humana, já que antes do surgimento do homo sapiens ele já existia e assim continuará após a extinção da espécie humana.

A questão fundamental para o homem é sua finita vivência perante a eternidade do universo e sua pouca capacidade de compreensão quanto sua própria existência.

Volta-se ao princípio: Deus nasceu com o homem ou o homem nasceu de Deus?

Quem é o criador, quem é a criatura?

Douglas Mondo

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