Textos veiculados na lista "Amigos de Blocos" em  fevereiro de 2002


Terça-feira

por sobre a praça
a chuva a dança espia
e invejosa, chora.

Márcia Maia

 

Márcia, com a sua permissão

a praça
chora
invejosa
a dança da chuva
sobre os casais de mascarados.

Flávio Machado

 

Carnaval

Teve chuva por aí?
Aqui... não notei.
Ando fantasiada de sol,
mesmo na madrugada.

Clelia Romano

 

É bom estar de sol fantasiada
Deixando a Madrugada extasiada
Que não terá que esperar a aurora
Para em uma fugaz hora
Ver aquele que adora!

Álvaro Alípio Lopes Domingues

 

Todo um carnaval
vazio de palavras
silente.

Se morresse ontem
ninguém saberia.

Como se morresse amanhã
— ou depois de amanhã —
seria.

Márcia Maia

 

Márcia,

rasgar as fantasias
tirar as máscaras de pierro
e colombina
no último dia
antes do juízo final
antes...

Flávio Machado

 

Pra mim acabou no dia em que um pirata me deixou...
Mariza Lourenço

 

Eu?!!...

Tenho medo de pirata
e sua mão de gancho,
sua cara ancha
com olho tapado
um sorriso sujo
só cheirando rum

(mas se não é assim
nem mesmo perneta
ai, que eu não me meta
ou... que será de mim?)

Maju Costa

 

Maju,

Talvez não tenha medo
Do gentil cavalheiro
Que será carcereiro
Que guarda um segredo

Pelo seu falar educado
Saberia que pertenceu a um Ducado
E um dia cansado
Do luxo futil
Achou mais util
No convés de madeira dura
Buscar aventura

Álvaro Alípio Lopes Domingos

 

Mariza,

Se a donzela fosse raptada
Em melhor destino estaria
Que abandonada
Pela pirataria

Álvaro Alípio Lopes Domingos

 

Se canta a Mangueira
o Nordeste
o coração se emociona
e chora
a alma canta
e a vida
renova-se e brilha
sonhada
em verde e rosa.

Márcia Maia

 

Quarta - feira de cinzas

Duas meninas
Brincam em frente a loja de flores
Com uma alegoria.

Flávio Machado

 

Façamos de conta que o carnaval não terminou...

SEM MÁSCARA

Por mais de trezentos dias
o seu José corre muito,
come pouco,
dorme um tico
enfrenta trem da central
e no trabalho, amuado,
é só um cara servil
para seu pão garantir.
Quando vem o carnaval
e na avenida desfila
é que a verdade se vê:
de cara limpa
(sem máscara)
samba no pé é com ele,
no Carnaval, o real —
o seu José é um rei.

Maju Costa

« Voltar