Textos veiculados na lista "Amigos de Blocos" em  janeiro de 2002

Uma ilha entre Brumas

Busquei no mar
Fugir da luta incessante
Vão desejo!
O vento, as ondas enormes são tudo que vejo
Tempestade!
Onde buscar refúgio?

Nos destroços vagando
Sem direção ou destino
Apensa esperando qualquer fim
Vi surgindo no Horizonte
Uma ilha envolta em névoa
Minha salvação
Reuni os restos de força
Nadei até ela
Senti o cheiro da Terra

Estou vivo!
Mas onde?
Busco na lembrança
O lugar de esperança
Nada em minha mente
Num mapa um ponto somente

Dormi exausto
E acordei... mas ainda sonho!
Agora estou entre semelhantes
Homens e mulheres cintilantes
Me olham curiosamente

Pergunto: Onde Estou?
— Você chegou a Avalon
A Terra das Brumas —
Respondem-me quase em coro

— A Avalon de Arthur?
Pergunto incrédulo
— Arthur a muito se foi
Porém até as pedras
Gritam seu nome
Ouve?

Ouvi num leve murmúrio
Sons lindos e suaves
Senti o nome do grande rei

Ao descobri tal paraíso
Quis ali ficar
Não me importava mais
o mundo anterior
Mesmo quando para la podia voltar

Mas um dia sonhei
Que em pé estava
Diante do próprio rei
Em uma terra devastada

Olhando-me com dureza
Disse com tristeza
— O mundo que deixou
Eu também deixei
Em busca de paz
A luta abandonei

Eu respondi com aspereza
— Eu nunca fui rei
Nem juramentos professei
Não tenho de Lancelot a nobreza
Nem de Merlin a esperteza

Achei que aquele rei
Irado ficaria
Com tamanha ousadia
Mas Arthur sorria
— Há algo que você não viu
Avalon a muito do mundo partiu
Só quem a pode ver
É aquele que nobreza deve ter

Avalon precisa das Brumas sair
E seus segredos a luz devem vir
Para que eles não venham se esvair
Para suas mãos devem ir
Quando desta ilha partir

Álvaro Alípio Lopes Domingues

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