sofro por dizer que sofro
sempre quando é tarde
abro meu cérebro
oco, manso, choco
penso na mulher que nunca tive
no desespero, este que me acalma
e sangro pelos poros
e paro pelo sangue
que, um dia, derramei de amor
dez e meia
sonho, e é para sonhar que durmo
sempre quando é noite
abro meu cérebro
tosco, parco e louco
esqueço a mulher que sempre penso
desamparado e livre, enlouqueço
e ando com os povos
e paro nos semáforos
que, um dia, atravessei sem ver
dez e quinze
Rodrigo Busnardo