CARTA Nº 1
Segunda-feira, 8 de maio de 2000
Meu amor:
Grande amor que és em mim, tão cedo, que até tenho medo, penso até que é o fim. Meu anjo! É um sentimento tão ruim... que até esqueço que sou poeta. Já nem sei por que sofro assim meu amor, como é triste ver uma porta fechada e não aberta.
Eu sonho que partes de mim. Assim, como me dissestes outro dia, que um ano passa rápido..., mas será que tu voltas pra mim?
Amor, juro, é tão tarde para eu pensar que é cedo. Tu já entraste em meu segredo, tu és a alegria que me arde. A orquestra e o enredo, és este começo.... és, enfim, a fuga da coragem, meu medo. Por que tão longe de mim?
Sabe? Eu não acredito em você, um ano não passa rápido não. Eu já nem posso crer, meu amor, que já estou sentindo dor de nem ao menos te dar a mão; e nem faz um dia que partistes!
E ainda te confesso: eu quase fui ao aeroporto esta manhã, só não fui porque pensei que estaria muita gente por lá, e porque não queria te dizer o que eu sentia. Mas vê, já estou dizendo tudo!
Meu amorzinho, se não acreditas em mim, isso fica sendo apenas
uma cartinha enviada de seu poeta. Apenas um sentimento à
flor-da-pele. Deixe-o entrar... deixa?
Não te pediria muito, além de
poder te amar. Sabes, amigo também ama e meu amor quer estar contigo.
Não é uma coisa extrema em minha vida, mas lancinante ao
mesmo tempo. Seria um verdadeiro despojo à minha esperança,
desistir deste verdadeiro encontro, que sem dúvida, sinto arfar
dentro de mim.
Desafiar as possibilidades de ser feliz não
é fácil, mas deixar passar o registro de nosso primeiro encontro
seria mais difícil ainda. Amor à primeira, segunda
ou terceira vista foi o que sobrou, da minha parte, eu creio.
Tua ausência me faz lembrar uma partezinha
do Soneto de Londres de Vinícius:
“Que angústia estar sozinho na tristeza
E na prece! Que angústia estar sozinho
Imensamente, na inocência!...”
Vou continuar te escrevendo. Foi isso que te prometi.
De quem muito te quer.
CARTA Nº 2
Terça-feira, 9 de maio de 2000
Amor:
Hoje eu volto a te escrever. Não é
poesia, mas sim, uma criação de felicidade. Eu sinto isso
quando começo a escrever e pensar em nós, e isso é
precioso para mim. Diz um ditado que, “a felicidade é o intervalo
entre períodos de infelicidade”. Eu não quero viver nas bordas
desse intervalo.
Estar triste assim não é estar
infeliz, é porque eu não a tenho perto de mim.
Ah, tem outra coisa que eu gostaria de compartilhar
contigo, é uma frase de Benjamin Franklin que diz: “ Ah, se você
fosse amada, se amasse e se fosse digna do amor!” Sabe, você é
amada, pode amar, e é digna de um grande amor. A vida é um
inferno quando não se ama.
O que eu mais gostaria era de deixar um pouquinho de mim em você, para mais tarde você lembrar de sua importância para uma pessoa que há tão pouco tempo lhe conheceu.
Nós somos tão singulares nesta vida... com defeitos, virtudes, mas uma coisa é certa, somos tão iguais quando pensamos em ser felizes.Você concorda?
Eu não quero ser exagerado em nada
(já sei, estou sendo), eu só quero sonhar um pouquinho, ter
um pouquinho de esperança, porque isso me dá um “sentimento”
de destino e só assim, eu posso encontrar esta força para
começar. Deixar você um pouco tonta ao ler tudo isso.
Sempre aprendi que o sucesso no amor, é a busca de realizar o que os outros deixam de fazer, não que não tenham a capacidade de fazer. Só quero denotar isso a você. Eu não tenho nada a oferecer, nenhuma garantia de sucesso, senão o sentimento inocente, básico de tudo, sem medo ou preconceitos.
Mas tu sabes, que amar só se aprende amando. Na verdade, não quero esconder nada. Quero buscar merecer tua confiança, respeito. E que nossa rotina seja pequena, diferente e protegida dentro do futuro de nossa história, porque é lá que vamos viver. No futuro. Assim, a gente só o traz um pouquinho para nosso presente, para vivermos melhor e fazermos alguma coisa a respeito dele.
Você tem essa habilidade de ser sensível, eu sei, só por isso eu quero que leia tudo isso. É a maneira mais duradoura de me comunicar contigo neste momento.
Outra coisa meu amor, todos estes sentimentos não é para conseguir ou buscar uma conquista, mas para apreciarmos o que já temos.
Não quero ser um estranho para você. Mesmo que eu te surpreenda a cada dia, nem tolo, mas se for... fica este pensamento que estava lendo outro dia em inglês que dizia: “...ele ousa ser um tolo, e isso é o primeiro passo na direção da sabedoria”. Podem ser palavras ousadas, mas nunca terás de mim sentimentos “subentendidos” pois, entre os sentimentos de duas pessoas as coisas devem ser claras e não “subentendidas”.
Então meu anjo, não tema, mas
apenas compreenda. Quando amamos, o medo é reduzido a quase nada.
Só assim vamos amar um ao outro por antecipação. É
até engraçado falar isso, não é? Parece que
estou formulando um manual para nosso amor dar certo. Às vezes eu
fico pensando... quando a gente compra um vídeo cassete, por exemplo,
vem aquele manual de duzentas páginas e nem lemos.
Quando se entra num relacionamento, não se encontra manual nenhum.
Como disse antes, esse pouquinho de esperança me dá uma sensação de destino. E meu destino é te amar no meu futuro, te trazendo devagarzinho para viver em meu presente. Então, nós poderemos andar juntos e tranqüilos, sabendo o que nos espera pela frente. Seguimos o manual que só nós dois construímos.
Não deixe nosso amor guardado em gavetas ou esperando eternamente. Ele não é tão supérfluo assim.
Mas permita-me que eu descanse agora. Já é tarde, meu amor. Não é uma despedida, pois minhas palavras nunca irão despedir-se de ti, só se dão em pausa. Eu ainda tenho que sonhar contigo. Tenho uma noite inteira para dormir contigo. O triste é acordar do sonho e te buscar novamente.
Quisera tê-la esta noite ao meu lado e deixar todo este meu sossego adormecer contigo, dentro de ti. E se também sonhasses, sonharíamos o mesmo sonho, dormiríamos a mesma noite.
Boa-noite, meu amor!
Eu estou contigo.
Teu Poeta.