CARTA PARA DEUS

O título desta crônica era para ser Carta Para As Autoridades, mas desisti ao fazer um pequeno chamamento na minha memória, em relação a fatos recentes, e constatar que as autoridades estão tão perdidas ou mais até do que nós simples e sacrificados cidadãos, quando a questão é VIVER DIGNAMENTE.
Até pego-me constrangido por ser também um ser humano, um semelhante das supostas autoridades, quando vejo que a maioria do sofrimento da população vem do mar de descaso e, principalmente, de interesses sórdidos que elas têm revelado. É de uma falta de humanidade espantosa. É constrangedor. É muito distante de Deus.

Falando Nele; será que sou digno de Lhe dirigir a palavra? Quem sou eu, a não ser mais um de seus estabanados filhos, que mal se equilibra nos fios tênues de uma sociedade absurda, quase surreal, uma sociedade que compartilha mundialmente a paranóia de ser incrivelmente importante - mais do que a natureza, mais do que o planeta, mais do que o amor, mais do que o legado sadio e abundante que deveria deixar para as futuras gerações -, e não um filho prestativo, agradecido, comungando a certeza cosida na perecível pele dessa mesma sociedade, nós, seres frágeis, suspensos que estamos numa ínfima bolinha azul num espaço imensurável?

Ouvirá Deus as minhas colocações? Ouvirá o nosso Senhor eu pedindo misericórdia para os homens que estão entregando o mundo para o signo do dinheiro e para as garras cada vez mais afiadas do materialismo?  Misericórdia por que? Porque nem imaginam esses homens o que lhes aguarda. Espalhando a fome e a doença entre seus próprios irmãos, subjugando o humilde, castrando mentes sadias num holocausto silencioso e nas barbas da lei, com toda a certeza tudo isso não ficará impune.

É inconcebível, e digno de pena, quem ainda não leu no próprio coração a divina mensagem de que deste mundo o que se leva é o que aqui foi dado.

Humildemente peço misericórdia para esses homens, meu Deus. E rezo para que eles abram um pouco os olhos. Rezo para que os seus corações ainda não estejam irremediavelmente endurecidos pela ganância e descaso com o próximo, e que possam absorver um pouco da Sua luz, amenizando o seu sofrimento que deverá ser avassalador.
Sei que eles sofrerão na medida do não reconhecimento da sua cega condição, coisa que pode parecer dogma de alguma religião, mas que é apenas matemática pura, Senhor, e ela se fará exata, mais cedo ou mais tarde. Sei também que, como Pai consciente e amoroso, pacientemente Lhes mostrará o caminho bom da evolução. Uns chegarão mais cedo, alguns depois, outros bem depois, porém todos lá estarão, sob o amor universal do Seu abraço.

Humildemente, Senhor.

 Carlos Edu (carlãO)

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