Palmeira (*), 14 de novembro de 1910.

Minha mãe. Recebi sua carta, mais só agora posso responder por não ter tido portador seguro. Estimo que tudo por lá vá em paz. Marili está boa, não é assim? E Carmem?

Aqui estamos todos bons nesta Palmeira, terra que, se não é boa, sempre é menos ruim do que eu julgava. Aqui não há cafés, há maus bilhares, pouca cerveja, nenhum divertimento. Enfim gasta-se pouco dinheiro e vende-se alguma coisa, isto é, ganha-se mais do que o que se gasta.

Adeus. Lembranças às meninas.Logo apareço, daqui uns dez anos.

Graciliano. E as minhas ceroulas? Estou quase nu.

Graciliano Ramos

(*) Palmeira dos Índios/AL
Fonte:http://www.gracilianoramos.hpg.ig.com.br/cartapessoal.htm
 

« Voltar