LIVROS EM BLOCOS, POR MARLI BERG Arquivos: índice dos títulos dos livros indicados em colunas anteriores - de 1 a 49, de 50 a 99, de 100 a 150, de 151 a 200, de 201 a 250, de 251 a 300, de 301 a 350, de 351 à 400, de 401 a 450. Coluna nº 451 - De 17/3 a 6/4/2017 Livros em Blocos homenageia, nesta coluna, o Dia da Mulher, através de duas incríveis representantes do sexo feminino: Charlotte Salomon, pintora alemã, e Maeve Binchy, escritora irlandesa, mulheres que tiveram vidas diametralmente opostas, tanto em termos pessoais quanto profissionais, mas com um ponto em comum: foram fortes, e, ao mesmo tempo, doces e sensíveis frente ao sofrimento humano, e os dilemas que nossa espécie enfrenta no dia a dia, desde tempos imemoriais. 1 – Ficcção Francesa / Romance Com mais de 500 mil exemplares vendidos na França, Charlotte (Bertrand Brasil) novo romance do escrito francês David Foenkinos, retrata a vida de uma das maiores pintoras do século XX, Charlotte Salomon, assassinada aos 26 anos pelos nazistas, no campo de concentração de Auschwitz, grávida de cinco meses. Charlotte Salomon (1917-1943) nasceu em Berlim, numa família judaica abastada, mas com graves dificuldades emocionais. Seu nome, Charlotte, foi herdado de uma tia, suicida, e sua mãe tirou a própria vida, quando ela tinha apenas nove anos (a avó materna também se matou), deixando a menina sob os cuidados do pai, um importante cirurgião e veterano de guerra, judeu, cujo declínio coincidiu com a ascensão de Hitler ao poder, em 1933. Com a chegada do nazismo, Charlotte deixou de ir á escola, mas conseguiu vaga na cota para judeus na faculdade, onde estudou pintura por dois anos. Com o ntissemitismo tornando-se, a cada dia, mais forte, na Alemanha ela foi obrigada a largar os estudos, e foi, com a família, para a França, onde produziu sua obra Vida? Ou Teatro?, entre 1941 e 1943, que consiste em 769 pinturas, todas autobiográficas. Charlotte, que rendeu a seu autor, David Foenkinos os prêmios Renudot e Goncourt de Lycéens, é uma magnifica iografia romanceada, um tributo original, apaixonado e vivo a Charlotte Salomon, uma grande artista, uma mulher de coragem, que enfrentou os maiores e piores sofrimentos, e nos deixou uma belíssima obra. Uma grande artista, uma mulher símbolo de tudo que de bom e produtivo que nosso sexo pode produzir mesmo em meio a sombra da morte, do desespero e do absurdo do Holocausto, um atentado não somente contra o povo judeu, mas contra toda a humanidade. Charlotte, um exemplo feminino para sempre, brilhantemente retratada.
A trajetória da escritora irlandesa Maeve Binchy é totalmente diferente da de Charlotte Salomon. Nascida em Dublin, a 28 de maio de 1939, foi escritora, professora e articulista, tendo vivido uma existência longa e feliz (morreu em 2012, aos 73 anos). Maeve era conhecida por sua enorme simpatia, e forma bem humorada de retratar a vida dos pequenos povoados irlandeses, mostrando, através de seus personagens, um enorme interesse pela natureza humana, e seu lado bondoso e construtivo. Seus personagens são extremamente verdadeiros, com todas as alegrias e mazelas que cabem aos seres humanos, e transformam seus romances em verdadeiros passeios de mãos dadas com o leitor. Os romances de Maeve (ela escreveu vinte) foram traduzidos para 37 línguas, venderam mais de 40 milhões de cópias ao redor do mundo, e sua morte, aos 73 anos, anunciada na televisão irlandesa na noite de 30 de julho de 2012, foi lamentada como a morte da mais amada e reconhecida escritora da Irlanda. Maeve Binchy que acaba de lançar no Brasil o delicioso romance Uma Semana de Inverno (Bertrand Brasil) – lançado depois de sua morte – nos apresenta a Chicky, protagonista da história, que depois de passar 20 anos trabalhando nos Estados Unidos, economizou o suficiente para voltar a cidade natal, Stoneybridge, e montar seu próprio hotel na cidade onde nasceu, A Casa de Pedra, onde simpáticos e muito humanos hóspedes vão se encontrar, e nos contar histórias adoráveis, aquecidos por uma boa lareira, alimentados com divina comida caseira, e interagir como parte da verdadeira família humana. Maeve é fascinante, adorável verdadeira e bondosa e, seu romance, uma injeção de ânimo no leitor. Uma grande diversão, um encontro com pessoas simpáticas, cheias de vontade de fazer alguma diferença para o próximo, igual a sua criadora, Maeve Binchy |