Coluna de Rogel Samuel 
Rogel Samuel é Doutor em Letras e Professor aposentado da Pós-Graduação da UFRJ. poeta, romancista, cronista, webjornalista.
Site pessoal: http://literaturarogelsamuel.blogspot.com/

Nº 220 - 2ª quinzena de julho de 2012
(atualização quinzenal, dias 10 e 25)

Morte em Los Angeles

No momento em que escrevo este texto “a mãe de Michael Jackson, Katherine Jackson, de 82 anos, foi dada como desaparecida pelas autoridades de Los Angeles, nos Estados Unidos, como conta o site americano "TMZ".

Além disso, a morte de Sage Stallone, filho do ator Sylvester Stallone levou-me a uma reflexão sobre a morte em Los Angeles, pátria do cinema americano.

Primeiro, é claro que Sage estava muito doente e precisava de tratamento psicológico: ele era um ermitão, passava dias seguidos dentro do quarto, morava sozinho, não falava com ninguém há uma semana antes de morrer, não devia ter muitos amigos, nem namorada (um site diz que ele foi encontrado pela namorada, ou diz que pela empregada, a pedido da mãe).

Mas eu fiquei pensando – como se pode estar doente em Los Angeles, principalmente sendo jovem, bonito e rico?

Como se pode destruir a vida justamente naquela bela cidade?

Não foi o primeiro.

Heath Ledger morreu em janeiro de 2008, por causa de uma overdose por excesso de medicamentos.

Britany Murphy morreu em dezembro de 2009, aos 32 anos de idade. Na época, circulou uma notícia de que ela teria tomado remédios antes de passar mal e sofrer uma parada cardíaca.

Michael Jackson também.

Jim Morrison, vocalista dos The doors, compositor e um grande poeta, morreu de “ataque cardíaco” por uma overdose.

Jonathan Brandis morreu em Novembro de 2003, num suicídio por enforcamento.

Por enforcamento!

Jonathan Brandis tinha somente 27 anos quando morreu.

Bruce Lee morreu de um edema cerebral aos 32 anos, e seu filho, Brandon Lee, desapareceu muito novo também durante as filmagens de “O Corvo”, num estranho e bizarro acidente.

A minha querida Amy Winehouse foi encontrada morta em sua casa, ainda que na Inglaterra.

E Brad Renfro, Marilyn Monroe, James Dean... a lista é enorme.

Todos jovens, talentosos, bonitos.

E ricos.

Mas em Los Angeles?

Passei algumas semanas em Los Angeles, na casa de uma amiga, no coração da cidade, quase em Hollywood, pois ela e o marido guardavam a casa de um homem importante, diretor de empresa, seu amigo, que estava viajando.

O homem queria proteção da casa dos amigos indesejáveis.

É uma cidade belíssima, onde a luz do sol sempre brilha.

É difícil entrar em depressão em Los Angeles. É difícil estar triste.

Principalmente se você é rico, jovem e bonito.

O que vivi naquela cidade dava para um livro inteiro. E não sou nem rico, nem bonito, nem jovem.

Um livro de belezas.

(Ou de bobagens).

Foi lá que descobri que a nossa Carmem Miranda é mais famosa lá do que no Brasil.

Carmem é um mito americano.

Também morreu jovem.

Museus, parques, jardins, lojas, livrarias, bares, muitos bares, carros de luxo.

Um dia, encontrei um Rolls Royce no estacionamento de um Mac Donnald. O dono comia hamburger...

Um grande Shopping Center tinha um gigantesco deus hindu em pose caricata. O deus estava vestido de mulher (um insulto).

Estive num Hard Rock Café em Malibu, que era uma joia.

Subi aquela colina onde se lê “Hollywood”.

E no Observatório Griffith.

É lá que você se sente à vontade.

Visitei Long Beach, Pasadena, Santa Monica.

Minha amiga cantava num bar em Santa Monica, onde cheguei a acompanha-la na percussão. Virei músico.

Enfim, um espaço cheio de músicos, artistas, escritores.

Como é possível morrer jovem em Los Angeles?

Só no cinema. Em filme policial. Ou de terror.

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