Mito em contexto - Coluna 67
(Próxima: 20/4/2009)
A Odisseia: Ulisses volta para a casa
Ulisses era rei de Ítaca, e lá morava com a mulher, Penélope, e o filho, Telêmaco. Quando foi declarada a guerra contra Troia, ele fez de tudo para não partir, até se fingiu de doido, mas logo descobriram seu artifício. Os gregos teriam perdido a guerra se Ulisses não tivesse a ideia de construir um cavalo de madeira, o “Cavalo de Troia”, para abrigar os guerreiros dentro. Os troianos pensaram que os gregos tivessem fugido e deixado o cavalo como presente, então o colocaram na cidade. Os gregos saíram de dentro do cavalo e derrotaram Troia.
O poema Ilíada começa no nono ano da Guerra de Troia, com a ira de Aquiles e os acontecimentos em torno disso. A narrativa do poema Odisseia começa após os dez anos da guerra, quando Odisseu/Ulisses tenta voltar para sua pátria. O poema conta as aventuras em terra e mar desse regresso, que durou dez anos. Assim como Homero começou a Ilíada in media res, também começou a história de Ulisses quando já havia sete anos em que estava preso na Ilha de Ogigia com a ninfa Calipso.
Uma assembleia dos deuses decidiu ajudar Ulisses no retorno. Hermes foi a Ogigia e pediu a Calipso que o deixasse partir. Ulisses construiu uma jangada, que foi despedaçada por uma tempestade. Parou na ilha dos Feaces e lá contou suas aventuras em flashback, falou como furou o olho do ciclope Polifemo, começando aí a perseguição de Poseidon, Senhor dos Mares e pai do ciclope, que sempre desviou a rota com tempestades no mar. Contou as passagens pela ilha do rei dos ventos, Éolo, pelos antropófagos e pela ilha Eeia, onde a feiticeira Circe transformou seus companheiros em porcos. Ulisses ainda consultou o adivinho Tirésias, passou pelas Sereias, pela ilha do deus Hélio e enfrentou Cila e Caribdes.
Os marinheiros feaces deixaram Ulisses em Ítaca, mas ele não foi logo para casa, já que lá havia muitos príncipes e todos pensavam que estava morto. A deusa Atena mudou suas feições e o vestiu de mendigo para que não fosse reconhecido. Procurou Eumeu, um de seus servos, que não o reconheceu, mas o recebeu com hospitalidade e contou os problemas da família. Ulisses se revelou apenas ao filho Telêmaco e juntos planejaram o castigo dos pretendentes.
Durante a ausência de Ulisses, Penélope manteve-se fiel, mesmo com todas as solicitações de pretendentes que queriam uma esposa rica e bonita, além de herdar a posição de Ulisses. Para enganá-los, ela disse que só casaria com outro homem quando terminasse um manto fúnebre para seu sogro. Esse pretexto durou anos, pois o que ela tecia durante o dia, desmanchava à noite. Quando os pretendentes descobriram, se instalaram no palácio e exigiram sua escolha.
Fingindo esmolar, Ulisses foi destratado por todos. Telêmaco exigiu que ele fosse tratado como um hóspede e Penélope ordenou que a serva Euricleia lavasse seus pés. O disfarce quase foi descoberto, pois a serva cuidara dele quando pequeno e reconheceu sua cicatriz, mas ela se calou. Durante o jantar, Penélope mostrou o arco de Ulisses e prometeu desposar quem conseguisse usá-lo. Nenhum dos pretendentes conseguiu ao menos armar o arco, então o “mendigo” pediu que o deixassem tentar. Entregaram-lhe o arco em meio a risadas e Ulisses o usou sem dificuldade. O herói recuperou sua forma e matou os pretendentes, auxiliado pelo filho e pelos criados.
Penélope não reconheceu imediatamente o marido e pediu aos criados para arrumarem um lugar para ele dormir. Ulisses disse que não havia como tirar a cama do casal do lugar, pois estava ao redor de uma oliveira viva e descreveu com exatidão sua construção. Esse detalhe, que só eles conheciam, fez com que Penélope finalmente o aceitasse. A paz voltou a Ítaca.
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