Nesta madrugada municipal
disposições transitórias
me espreitam:
devo seguir de verde no cruzamento
e parar quando o vermelho me
agride,
ou faço o contrário,
só porque é noite?
Nada espero:
nem o amigo com seu vinho
nem a amante com seu facho.
Sou transeunte, por opção
e raiva.
Leila mora numa esquina da nuvem
e sua existência me espanta:
ela sabe o roteiro da esperança
e adivinha angústias
nos iletrados.
Conhece de cor vários
caminhos
e inaugura espaço colorido,
onde nada existe
e outros anjos se abraçam.
Nesta madrugada sem sono
viro a página e vou dormir
certo de que em poetisa feita
de ar
só pisam pássaros...
e sonhos.