CARTA PRA CLAUDINHA
resposta para  a  "Carta pra Elane", de  Cláudia Villela de Andrade, publicada em Cartas literárias, Blocosonline

Minha querida Claudinha!

Gente esquisita somos.
Da mineiridade envólucro de história: pão de queijo e o ingrediente básico da desconfiança sutil, que acaba em mesa de quitanda.
Ah!... As quitandas doces e salgadas feitas no forno de barro e retiradas com grandes pás de madeira. Não,quitanda em Minas não é um lugar de se vender frutas e especiarias...
É o sabor ritualístico de se preparar, oferecer, comer, esconder das crianças que na verdade acharão a chave da despensa... infração prevista e consentida! Mesmo pela tia severa, guardiã da moral e do controle da gula.
Minas dos pecados capitais... Todos. E de nenhum, quando a alma abre-se em pecaminosa luxúria do aconhego. É minha amiga, mineiras somos!
Olhando os campos restritos que  limitavam nosso ver ao pé da montanha e instigava o sonho marinheiro de percorrer mundo, além da serra, onde certamente estaria o mar.
O mar... nosso fetiche, volubilidade.
Minas, nossa fidelidade e obstáculo!
De nós solidariedade extremada, principalmente em volta da mesa da copa, com guarda-comida e tudo, mesa de refeições com gaveta e o prazer de distribuir o alimento, os santos de estimação, a genética oração... e o amor imenso que sempre parte de Minas para este  Brasil, derrubando fronteiras. Pois que Minas é da nação,  oração, sussuros do passado, coração barroco de muitas entranhas, onde estão guardados os mistérios da história de Minas, da nossa alma e do coração do Brasil.
É isso aí, irmã por parte de terra: a mesma seiva corre em nós.
Por isso, o anseio pelo café com leite, pela galinha ao molho pardo com quiabo... que de tão saborosos nos fizeram para sempre esquecer a sílaba final que eu tinha para te di.........
Beijos, conterrânea!
Elane

Elane Tomich

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