Minha querida Claudinha!
Gente esquisita somos.
Da mineiridade envólucro de história:
pão de queijo e o ingrediente básico da desconfiança
sutil, que acaba em mesa de quitanda.
Ah!... As quitandas doces e salgadas feitas no
forno de barro e retiradas com grandes pás de madeira. Não,quitanda
em Minas não é um lugar de se vender frutas e especiarias...
É o sabor ritualístico de se preparar,
oferecer, comer, esconder das crianças que na verdade acharão
a chave da despensa... infração prevista e consentida! Mesmo
pela tia severa, guardiã da moral e do controle da gula.
Minas dos pecados capitais... Todos. E de nenhum,
quando a alma abre-se em pecaminosa luxúria do aconhego. É
minha amiga, mineiras somos!
Olhando os campos restritos que limitavam
nosso ver ao pé da montanha e instigava o sonho marinheiro de percorrer
mundo, além da serra, onde certamente estaria o mar.
O mar... nosso fetiche, volubilidade.
Minas, nossa fidelidade e obstáculo!
De nós solidariedade extremada, principalmente
em volta da mesa da copa, com guarda-comida e tudo, mesa de refeições
com gaveta e o prazer de distribuir o alimento, os santos de estimação,
a genética oração... e o amor imenso que sempre parte
de Minas para este Brasil, derrubando fronteiras. Pois que Minas
é da nação, oração, sussuros do
passado, coração barroco de muitas entranhas, onde estão
guardados os mistérios da história de Minas, da nossa alma
e do coração do Brasil.
É isso aí, irmã por parte
de terra: a mesma seiva corre em nós.
Por isso, o anseio pelo café com leite,
pela galinha ao molho pardo com quiabo... que de tão saborosos nos
fizeram para sempre esquecer a sílaba final que eu tinha para te
di.........
Beijos, conterrânea!
Elane