"DIVERSOS CAMINHOS EM BLOCOS", POR ZANOTO
Jornalista famoso do Correio do Sul (Varginha/MG), desde 1950 mantém a coluna lítero-poética "Diversos Caminhos" naquele jornal.
Manteve coluna em Blocos Online de janeiro de 1998 a dezembro de 1999, e agora retorna à Internet, novamente através de nosso site.
C. Postal, 107 - 37002-970 Varginha/MG
CLIQUE AQUI PARA ACESSAR O ÍNDICE ONOMÁSTICO, COM AUTORES CITADOS EM COLUNAS ANTERIORES
Coluna nº 23, de 15/7
(próxima: 15/8)
1. Verinha acaba de mostrar-me uma foto de Carmen Llera, a segunda mulher de Alberto Moravia, a belíssima espanhola que era 47 anos mais nova que o poeta italiano. Moravia, eterno amoroso, disse: "O amor não é tudo, mas pelo menos para mim é quase tudo. Tanto assim que passei de uma mulher para outra por motivos quase que exclusivamente amoroso". *** "O amor como símbolo é uma linguagem e como linguagem é um símbolo" - Marcos de Farias Costa.
2. A vida é uma ba
tralha
e a inteligência humana
pode desventar
os mistérios di
vinos
fragmeno do poema de Yêda Schmaltz - Goiânia/GO. Yêda Schmaltz realizou um trabalho poético perfeito, em todos os sentidos.
3. E assim passam duas horas. Duas horas em que o sol não aconteceu por culpa das nuvens. E as árvores existem fora do espaço verbal, pelo discurso "A Ordem do Discurso", prosseguindo o monólogo de "As palavras e as coisas"...
4. AO SOL
Laérson Gontijo Maia
A luz
no azul
só é
o sol
que brilha
e abre
a vida
divina
na paz
da aurora.
5. Sempre que Mané chegava mamado, a família toda já sabia: era confa na certa. Só que os dias de mamação multiplicaram, o curto orçamento doméstico era desfalcado severamente por conta dos botequins. Cachaça da boa e "mulé" eram os emblemas de Mané. Mas hoje a esposa, que vive reclamante das constantes dores de cabeça, e os quatro filhos vivos resolveram ficar de sobressalto, afinal a bebedeira começou manhãzinha e os palavões e maldições já abundam no ar cheirando a sardinha frita do pequeno barraco da favela do Cabogato. Roberto Carlos resolve ir brincar com os amiguinhos, quem sabe cheirar uma cola, dar-se bem como um travesti - assim que completasse 11 anos seria aceito como olheiro numa boca de cocaína. Maria Auxiliadora faz a calula dormir, inchada de tanto antibiótico, expressão vincada pela doença, desnutrição e vermes. Começou o tempo ruim. Mané senta um tapa na cara de Roberto Carlos, e outro e outro, é cintada, tapa e empurrão, lembrando uma birra antiga. De repente, como se voltasse de um transe, o pai esquece o menino e caminha direção à asustada mãe. Maria Auxiliadora corre se esconder atrás do pé de banana magrinho igual aos seus donos, com um futuro talvez melhor do que o deles: dar frutos e alimentar, cumprir o milagre da vida. Eduardo Waak (Matão/SP)
6. Quer ser romancista? Pois Roberto Drummond aconselha: "...leia com a máxima urgência "Cartas a Um Jovem Romancista", de Mario Vargas Llosa. *** Ely Rindidunga F. Fontoura, em tarde de imenso calor, depois de uma golada de mate couro, lembrou-se da viagem a Florianópolis e, em seguida, destes versos de Dionvaldo Gilioli: "de lírio/ em lírio/ delírios". Eu me lembro que Denise Teixeira Viana (RJ) gostou muito desses versos de Dinovaldo.
7. a busca
aprender
significa procurar:
procurar por aquilo
que nos é
Droos/ Divinópolis/MG
8. Agulha Quebrada
- Perdi meu único olho.
Ceguinha e desacerbada,
como cerzir tua meia
sem linha, dedos e nó?
Que tem maior importância
na arte de costurar:
os dedos da costureira
ou ponta de um furo só?
Avesso a muito pensar,
diz o alfaiate arrogante:
- Meus dedos são diamantes,
teu olho, um furo de meia.
A meia agulha, enervante,
não poupa o barro dos pés:
- Sem meu olho, teus diamentes
aumentam furos na meia.
De quebra, aprenda que tudo
lição oferece, pois.
Não se despreze o aleijado
se ainda pensa por dois.
Adelaide Petters Lessa
São Paulo, Brasil, 2000
9. Hoje, domingo, fiquei recordando alguns nomes da década de 50: Hilda Hilst, Barreto Pinto, João Condé, João Villaret, Diana Morel, Antonio Maria, Luís Vassalo, Flávio Costa, Elsie Lessa, Grande Otelo, Nelson Batista, Virgínia Lane, Carlos Lacerda, Reinaldo Dias Leme, Álvaro Armando, Marcos André e Pascoal Carlos Magno.
10. Os escravos antigos romanos é que beijavam as mãos a seus senhores. Plutarco conta que depois que Catão extinguiu sua milícia, seus soldados, dele se despedindo, estenderam-lhe as capas e vestidos e, com muitas lágrimas, beijavam-lhe a mão. Depois as pessoas livres passaram a praticar essa cortesia. Hoje em dia trata-se de um ato elegante.
11. ALERTA
Às vezes não bastam
as bandeiras, o partido
e a legenda.
É preciso prever as
alternativas e emitir os
desejos.
Sandra Fernandes (RJ), in "Circuitos Femininos" - Ed. Blocos
12. botando as coisas
às claras
quebrei os ovos
Dinovaldo Gillioli - Florianópolis/SC, in "Canção para Acordar Peixes".
Arquivo de crônicas anteriores:
00, 01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08, 09, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20 , 21, 22