Culto aos mistérios do passado
na vivência do mundo de agora
lembranças da encarnação no Sul da Índia (como Tamul Nadu) com reflexões místicas sobre sua vida atualCOLUNA QUINZENAL DE CLARISSE DE OLIVEIRA
autora do livro “Mistérios” (Ed. Europa)
MULHERES – A BRUXA, A DEUSA, SAGRADO E NADAJA
A Bruxa não medita; ela tem sentidos desenvolvidos que a fazem "navegar" por todas as áreas dos mistérios.
Milhares de anos a aprisionaram, a impeliram como ondas no Oceano Universal.
A audição é o principal sentido das Bruxas. É pela audição que o Saber penetra. Transformada em Audição, a metamorfose da MetafÍsica reúne todos os princípios e indícios da Criação. É como se a Buxa fosse privada de todos os sentidos: visão, tato, olfato, compreensão e audição. A pressão nos ouvidos forma um "instinto" que abrange todos os sentidos.
A Bruxa é um ser equiparado à uma força condutora, que vibra e repercute em todas as chamadas dos deuses e sub-deuses, que podem ser os elementais. Ela, a Bruxa, se desmancha nela mesma e responde em "conjunto" com a humildade que é o perpétuo consentimento dos deuses aos que respondem aos seus designos.
A Bruxa não pode ter planejamento para sua ação, que a se forma repercutindo os elementos divinos despertados pela Justa Forma da Verdade.
Em verdade, a Bruxa deixa de Ser – agora é somente um eco, uma resposta a Deus e age na medida de todas as medidas que ressoam na Criação, transformando as épocas, as energias, os fluxos e refluxos que movem o Criado.
No Injusto, a Bruxa sabe que existe o Justo, porque o Injusto é uma resposta que perturba o Justo e ela, a Bruxa, tem que ficar no Justo até sua energia modificar o Injusto.
Era um corpo escuro, de mulher, vestido como a estátua de uma deusa.
Era assim que ela se movia, para não abandonar a personalidade daquela princesa que fora dedicada ao deus egípcio Amon Ra. Enfrentara um mundo diferente do egípcio, um mundo em que não eram recordados os deuses. Então, só ela, a entregue e consagrada ao deus Amon, teria de viver entre os humanos que não eram egipcios.
A correspondência diária entre o deus e ela, dividia a vida, e a consagrada ao deus, gerava o mundo de Amon sem que isso fosse percebido.
Conviver como um deus, é ser extra-terrestre. O deus age sem pensar, pois o deus age certo. O deus age conforme as circunstâncias, mas colocando suas emanações antes das circunstâncias.
A consagrada ao deus, múmia viva, santificada na morte para a Vida, estava sempre antes das colisões: os acontecimentos rolavam como ondas pequenas até seus pés e ela se perguntava porquê não se envolvia com os eles, uma vez que fora colocada entre eles, os acontecimentos...
Sagrado é o nome dela.
Tem 25 anos, é morena, olhos amendoados, longas pestanas.
Sua altura é de 1,52 m.
Muito cansada, Sagrado depositou no banco da cozinha o balde de madeira com água do poço.
Sagrado aprendeu a viver em meditação aberta; isto é, o mundo para ela tornou-se uma página aberta, como o livro da Vida, da sua vida.
O Espírito permanentemente ativo, a alma como sentinela do Espírito.
A Impermanência não perturbava sua contemplação, pois existia a estabilidade do Espírito. A Alma sempre como sentinela do Espirito.
Sagrado pôs um pouco de água para ferver, enquanto lavava verduras com a água do balde. Os vegetais "passados" ela picaria para galinhas e pombos, galinhas velhas e feridas, tornadas "imprestáveis" pela vizinhança, e que Sagrado socorria e acolhia.
A água ferveu. Sagrado jogou na panela a verdura lavada com um pouco de farinha de milho. E enquanto o almoço cozinhava, a moça contemplava o horizonte, recebendo o impacto desconhecido do Permanente, que atravessava a consciência translúcida da Alma, distendendo-se no Espírito.
Nadaja encontrou a sala de aulas vazia, e sentou-se no chão de pedra, para meditar.
A escuridão da noite foi invadindo o Templo, que foi sendo fechado, a medida que o povo o abandonava. Trevas tomaram conta dos altares e das salas do Templo, mas Nadaja conhecia cada centímetro daquele chão frio.
Nadaja acalmava seus pensamentos e entre eles via o pano alaranjado em que se deitava para dormir no chão lajeado.
A atmosfera metafísica da Terra tinha a infinidade de almas e espíritos que esvoaçavam como mosquitos a procura de sangue humano.
Nadaja lutava para equiparar sua alma às forças naturais do Planeta. Quando se auto-confronta na metafísica da atmosfera terrestre conquista-se o Espírito, que caminha sobre esse Oceano Invisível, sem se recordar da face de sua Alma.