Culto aos mistérios do passado
na vivência do mundo de agora

lembranças da encarnação no Sul da Índia (como Tamul Nadu) com reflexões místicas sobre sua vida atual
COLUNA QUINZENAL DE CLARISSE DE OLIVEIRA
autora do livro “Mistérios” (Ed. Europa)
Nº 16 - 23/6/2009
(próxima: 23/7/2009)

ÍNDIA


TANDAVA E O ABOIO

TANDAVA é uma dança do deus Shiva, que só o homem pode dançar - apesar de algumas dançarinas mulheres estarem dançando-a no século de hoje.
O deus Transformador na Criação indica felicidade, desde que o ser humano admita estar na felicidade da parte    Feliz da Criação.
O homem, fez do Mundo, uma tragédia.
O ABOIO é uma canção triste, a que a rês se acostuma, e obedece no seu conduto para o matadouro. Não é possivel, que um humano não se emocione vendo os bois se conduzindo por uma melodia triste, milhares de bois,    para um matadouro... Tanto o que comercia com essa matança, como os que participam dela, não podem nem pensar em bailar o Tandava nos restos de luz que deixam os pés que marcam seu ritmo alucinante e magnífico. Os pés de uma apresentação divina, os pés de um deus que poderia lhes trazer felicidade.

flor de lótusflor de lótusflor de lótus

NO TEMPLO

Ele, o Natuvanar, era negro como alguns drávidas do Sul da índia, onde a penetração de raças de peles mais claras no Norte tinha sido pouca.
O Natuvanar olhava a baIadera, também de pele bem escura, da raça tamil, do Sul da índia:  
– "Nadaja, vou te dar uma prova, tão negra como parte de tua alma.  É tudo o que falta, para um bom pedaço da Espiritualidade,  que podes dirigir.  Só o Espíito dirije o Espírito. Tua mente de mulher, aceitou muitas feições da Vida, mas um pequeno ponto em tua Alma, anuncia uma posição para outra posição.  Não irás totalmente daqui, do templo.  Eu tenho que manter o recinto do Templo como referência para tua Alma. Aqui estarás, diante de mim, toda tua vida na Terra, desta vez.  Eu estarei muito acima da Terra, em um plano desgarrado da Terra - mas, de lá, orientarei minha Alma, que permanecerá diante da tua, neste recinto. Tudo que parecer crueldade, não é mais do que para teu bem. É um pequeno nó que desejo destacar dos designos que criaste para sofrimento de tua alma.  Nosso encontro, diante deste deus Murunga, se desmanchará quando estiveres liberta da carne - para onde?  Não sabemos...  Mas o Templo saberá e se rejubilará eternamente, porque a Eternidade foi teu caminho e muito Incenso de Brahma foi queimado neste recinto".                                                                                             

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NATUVANAR

O Mestre das Baiaderas do Templo no Tamil Nadu, o Natuvanar, tinha também sua credencial de Mestre para os que almejavam a auto-revelação, processo esse que se revelava pela meditação ou prática de yoga.
Natuvanar começava com as devadases desde crianças, e ia acompanhando seu desenvolvimento por toda a vida.
Uma delas, Parvati, demonstrava uma inteligência transcedental, para o mundo tacanho em que nascera e fora criada.
O Natuvanar divisava nela, além de seu corpo e sua alma, uma sacerdotisa de muitas eras e templos, daí despertada sua atenção para a responsabilidade com a moça na prática da dança; por que a dança?  Se os Vedas acharam necessário que essa alma seguindo uma longa travessia da Vida, sempre em templos, teria agora para sua evolução a necessidade da Dança Sagrada Hindu, ele, o Mestre escolhido pelos deuses, assumia agora a responsabilidade da vitória nesse desempenho da dança. É que os Vedas, divisando o progresso do Ocidente, notaram que a Índia teria grande repercurssão na espiritualidade dessa parte do Mundo; junto com a Yoga, seria necessário a Devoção nos gestos sagrados que transferem o Caminho Espiritual indicado pelos deuses para a compreensão dos Ocidentais.
Porém Parvati tinha, em sua alma, uma parte difícil de ser trabalhada: sua sensualidade, triunfo que usara em vidas anteriores para vencer muitos obstáculos; mesmo através da Dança Sagrada, ainda continuava um atrativo para os homens. Fora essa a pausa que prejudicaria seu confronto com o item para sua evolução. 
Havia festa no Templo.
Na grande praça diante do Edifício Sagrado, dançavam, serviam-se doces, ofereciam colares de flores.
A noite começara a cair.
A fogueira acesa diante do templo estalava os ramos secos e espalhava fagulhas sobre a multidão.
Todos riam, contagiados pelo clima efusivo de alegria e sensualidade indiana.
De repente, uma nuvem ocultou a Lua Cheia.
Sob a pequena sombra, um tigre humano cortou por entre os festeiros: uma súbita intuição estalou no cérebro da discípula do Natuvanar, fazendo-a correr para dentro do templo; mas o refúgio não impediu-a de ser abatida pela lâmina do ciúme.
O corpo tombou no fundo da sala principal do templo, perto das escadas que levavam no exterior às baixas montanhas de pedra, atrás do templo.
Foi como se tivessem amputado as mãos do Natuvanar.

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O Mestre orou aos deuses do Templo: – amputaram-me as mãos, mas meu coração a acompanhará... um dia, ela voltará aqui, sofrida, cortadas suas asas para não voarem tão alto e será mantida sua cabeça inclinada permanentemente diante dos deuses, porque sua dívida com o Hinduismo, ainda não terminou.


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ENSINAMENTO

O Natuvanar ensinou às baiaderas:
– "Quando dançarem, lembrem-se de  que cada gesto tem o potencial do deus para quem dançam. Existindo esse potencial, o indiquem, o enviem para os que pedem à vocês, socorro para suas aflições. A dança é a imitação dos deuses: ao imitarem-no, se transformam em sua magia, que é o seu potencial, incluindo, nesse potencial, a necessidade dos que precisam, rodeiam o necessitado com a potência do deus: o necessitado está na faixa do deus, ele dança com o deus. Ao terminar a dança, a baiadera está exausta. Além de dançar uma dança que pede o bater dos pés, não só em sua sola, mas o apoiar no calcanhar em todos os movimentos rápidos, que exigem força para fazer soarem os guisos presos nas canelas, o recuo apoiado nos dedos dos pés, para outro movimento da dança, a baiadera não pode perder sua concentração na Emanação do Deus, que, tanto a exalta na Inspiração da Divindade, como emite da concentração dessa força a realização da esperança de muitos necessitados devido a aflições e a males físicos. A baiadera, está exausta; no entanto, ela não pode descançar.  O relax, tão espalhado entre os ocidentais, não pode entrar na aura da baiadera, porque ela, a Devadase, é a Chama Viva do Deus, e tem que estar sempre acesa, em recepção da Divindade e em emissão da Divindade. Nessa confluência de forças, um chackra aguenta o processo: por isso, ela, a Devadase tem sempre um chackra sendo acionado. Na parte sexual, o chackra é protegido da sensualidade tragada pela satisfação do sexo. O chackra sai incólome da ação sexual. E a baiadera retoma sua atitude permanente de sintonia com a Divindade".

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