Culto aos mistérios do passado
na vivência do mundo de agora
lembranças da encarnação no Sul da Índia (como Tamul Nadu) com reflexões místicas sobre sua vida atualCOLUNA QUINZENAL DE CLARISSE DE OLIVEIRA
autora do livro “Mistérios” (Ed. Europa)
INFINTAS SOLIDÕES
MULHER SOLIDÃO, SOLIDÃO MULHER
Antes da Carne e depois da Carne, a mulher está entre paredes que a tornam invisível, como uma coluna de cristal que contivesse a alma dela.
Na sua vibração de Espírito, a mulher procura tornar-se Espírito e agir exclusivamente com a Espiritualidade em todos os complexos da vida. Negando a recepção da vida na matéria, ela transforma o contato no Espírito.
A Ação Espiritual ditando a realidade em que a mulher se tornou, é tão dificil de transmitir nos vocábulos com que se comunicam na Terra os seus habitantes, que se percebe outros vocábulos sem compreensão, do português para o grego, por exemplo.
O idioma pode ser secreto ou imperceptível para o terráqueo que não se habituou à ele: é o idioma do Espírito, uma linguagem perto da nossa, mas não identificável.
A ação da mulher invisível é, dentro desse parâmetro, quase impossível de ser levada à compreensão pela maioria dos viventes.
A SÓS
Na Solidão, quando se sente a alegria do Amor, é a visita de Eros.
O Amor não nos abandona e deixa que possamos agir sobre ele, com posse dele, é Eros, o deus do Amor, o Cupido Romano, o filho de Afrodite, a deusa Vênus.
A mulher tem ascendência em Eros — esse deus traquinas que brinca e gargalha a nossa volta; mas sua presença expande a potência que existe no centro do ser feminino, potência essa misturada ao sentimento do Amor tanto divino como terráqueo, no magnetismo da Terra e na vivência da Criação. Porém atingindo o mistério da Revelação, o sentimento da descoberta com a possibilidade de transmutação da essência de Eros na Potência Divina, desperta a serva eterna, a sacerdotisa de Eros, cuja função é manter a chama do Altar sempre acesa em si mesma para zelar pela ação de Deus e estar pronta a responder por todos os atos da Existência.
SOLIDÃO
Ela foi enriquecida,
pelo Segredo do Começo
- O Começo Eterno -
E como tudo que é Começo,
é sempre fresco, é recente,
está em sua pujança,
esse Bem-Estar da Bênção e da Luz,
cerrou-lhe as portas das Idas e Vindas,
mantendo o claustro do Recolhimento,
para que a Devoção
não fosse perturbada em sua
Concentração,
porque a Solidão impera como Rainha
requerendo o Espaço para as chegadas
de todas as Luzes que os Mestres
imploram para ela,
a Sacerdotisa de Si Mesma.
A ENAMORADA DO PROFETA
De um país à volta do seserto, suplicando às caravanas, ela chegou em terras de Jerusalém.
Esfaimada, maltripilha e sedenta, ela acompanhou o povo que ia ouvir o profeta — porque ela tinha fome e sede e em sua alma havia um sussurro de que aquele ambiente lhe supriria as necessidades.
Em meio à multidão, se esgueirando por entre o povo, a antiga "prostituta sagrada de um templo" chegou perto do profeta.
Como mais tarde um escritor inglês descreveria, o profeta era um homem de alta estatura para o seu povo, com olhos negros e mansos e cabelos anelados que pareciam formar cachos de uvas escuras...
A mulher, em seu antigo templo, homenageava sua deusa com o triunfo da sensualidade que se enroscava nos intervalos das batidas dos tambores e o chocalhar dos címbalos, como uma serpente que deslizasse em maneios de seu longo corpo sobre o chão de lajes frias.
A mulher aguardava a palavra do profeta.
E ele veio. Veio para o seu povo, que passava a ser "seu" porque nas trevas de seus olhos negros ele os reunia em um Universo Cósmico imenso e dadivoso, como já era sua alma, um Eco de Deus que ele desejava que ressoasse no Infinito da Verdade de cada um.
A mulher peregrina não tinha tido oportunidade de ter reconhecido em seu espírito uma resposta que alguns poderiam procurar por milhares de anos, tantos anos quanto eram os percalços da alma já formada diante do seu espírito, que já era um deus. E por mais que o profeta ocultasse os famintos da divindade, como cegos, sentiam o odor do Amor.
A Lei da Atração faiscou quando o profeta se fez diante da peregrina: faltava um grão de areia de divindade para que ele não mais fizesse parte do Karma da Terra; mas foi o bastante para que as galáxias se desfizessem e se refizessem, para que dois grãos minúsculos da traiçoeira humanização lhes desse sofrimento até os confins do Universo.
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