Culto aos mistérios do passado
na vivência do mundo de agora
lembranças da encarnação no Sul da Índia (como Tamul Nadu) com reflexões místicas sobre sua vida atualCOLUNA QUINZENAL DE CLARISSE DE OLIVEIRA
autora do livro “Mistérios” (Ed. Europa)
CONVERSA COM UMA MULHER SISUDA
EU E MEUS DUPLOS
Como nenhum dos meus duplos, duplos anteriores, quero dizer, porque vieram primeiro do que Clarisse, se perderam, e continuam existindo, como roupas de diferentes séculos guardadas num Armário Cósmico, resolvi "trocar idéias" com um deles.
Escolhi um dos mais antigos: a Egipcia. Essa mulher era uma serpente oportunista, sagaz, sempre pronta a dar o bote nos seus objetivos.
Quando me aproximei dela, que estava sentada num trono de pedra num recinto vazio, ela estava vestida, estranhamente, com roupa da aristocracia de Tebas, e eu, descalça, com um vestidinho simples, que usei ao sair da cama ao amanhecer,.
Fixei os olhos em seu rosto fino, vale dizer, mais bonito que o meu atual, e fui logo perguntando à ela:
— O que vale mais, defender a alegria de viver, ou enclausurar o Mundo Ilusório de Experiências, na também ilusória dedicação de se Expor à Verdade?
A Egípcia lhou-me com tristeza, suspirou longamente, e respondeu-me:
— Em que te posso ajudar agora?
— Me faz companhia na Solidão, contemplando tua curta vida, como uma borboleta que só viveu para o seu tempo de Primavera.
RESTATE DA TRISTEZA
A minha vida foi triste.
Todos riam e duvidavam que uma adolescente de Ipanema, se lembrasse de que vivera há 250 anos atrás, em uma cidade da Índia, da qual ela nem sabia o nome.
Eu tinha que acompanhar a adolescência... os bailes, os cinemas, os programas de fim de semana...
Quando me tornei vegetariana, aí o desastre foi ainda maior...
Porém, havia algo dentro de mim: uma semente que outrora, ainda mais antiga, o Egito deixara dentro de minha alma — esse algo então, eu não tinha coragem de abrir a boca...
Tudo foi compensado, quando na última viagem que fiz, eu, estando em um ônibus, saindo do Cairo, no Egito, quando o veículo desceu uma lombada, em direção ao Bairro de Giza, e eu vi, do banco onde estava, lá na frente, pelo vidro grande, as Pirâmides! Eu me levantei do banco, fiquei em pé, de olhos arregalados, enterrando naquele momento, anos de sofrimento! Porque, o Tempo, se faz em um dia e também é o mesmo em um século.
Sob a areia do Deserto estava oculta a garantia da Verdade, e a Verdade nunca nos ilude, porque a Verdade é o confronto do Espirito com a "Verdade" d`Ele mesmo e aí está nossa Salvação.
Reconhecendo o confronto com Maat, a Verdade na Religião do Egito Antigo, o ser humano não precisa mais raciocinar, deixando que a Verdade realize pelo humano a Verdade da própria Verdade.
CIÚMES DE DEUS
Deus tem ciumes de mim quando eu não coloco Ele em meus atos; não só em meus atos, mas em meus pensamentos também.
Deus tem cobrança sobre mim, quando vivo a Vida sem a constante atitude d`Ele.
Deus, me enfraquece, exibe meus pensamentos atrapalhados, desaparece com meu segundo Eu, esfarela meus conceitos sobre a Divindade, e tudo o que eu pensava em ter ja organizado sobre Seus designos.
Sinto-me obrigada a recolher as conquistas de minha dedicação, como cacos dispersos de pensamentos de Anjos, sem a Coordenação pela qual meu Espirito tem obrigação de zelar constantemente — vigiando minha fidelidade sincera no Amor inquebrantável em que luto por estar constantemente — pela única razão de Eu Existir.
A LUZ NO QUE PRESSINTO SER
Sou um Caos; não carrego a Luz como um Pirilampo, mas a Luz no meu Caos.
Pressinto as batidas do meu Coração, no latejar de meus ouvidos, com o Latejar do Universo.
De muito longe da Galáxia, vêm, na Saudade, as batidas do tambor Tabla, tocado por um hindú.
É somente uma gota de suor que desliza do pescoço do homem que toca o tabla, e as notas tiradas pelos seus dedos abertos — que perpetuam a Saudade.
Meu coração pulsa sentindo resoar dentro de minha caixa humana o que Ecoa no Universo.
Mas os deuses sentem ânsia de eu me entregar a Eles, tudo pela Luz Anunciada.
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