Culto aos mistérios do passado na vivência do mundo de agora lembranças da encarnação no Sul da Índia (como Tamul Nadu) com reflexões místicas sobre sua vida atual

COLUNA QUINZENAL DE CLARISSE DE OLIVEIRA
autora do livro “Mistérios” (Ed. Europa)

Nº 36 - 23/2/2011
(próxima: 23/3/2011)

OS MISTÉRIOS DAS SEDUÇÕES

OBSESSÃO

— Eu te obsedio, porque te amo.
E ela, carente de um amor mais sincero, perdidos vários amores por entre o nevoeiro da incompreensão, que faz parte do Destino da Vida de cada um, ela cultivava o amor do obsessor.
Para retribuir o Obsessor, ela lhe entregava o que de pior havia nela e o que de melhor tinha em sua alma.
Quando, por perversidade, o Obsessor se afastava, ele sentia uma instabilidade de espírito e uma percepção de solidão, porque o pior também provoca solidão; e ela ficava impaciente, nervosa, atormentada. O Obsessor se regalava com isso, pois era tudo o que ele possuía e conseguira conquistar dela.
Também, ela era Obsessora dele, porque sua feminilidade lhe fazia sentir o desarvoramento dele, quando ele sentia que descobrira o modo de fazê-lo sofrer.
Mesmo com o forte calor de Verão do Rio de Janeiro, ela, nas tardes de abandono e solidão, ia caminhar pelo cemitério, usufruindo do Silêncio dos mortos, que percebiam sua angústia, angústia disfarçada dos vivos.
Ela, a Obsedada, se suicidava várias vezes, por que se refazia do desespero, num certo templo do Sul da Índia, onde por sofrimento, ao menos por sofrimento, rolava num chão de pedra — e ninguém podia impedir —, rolava num chão de pedra com a Volúpia, ao menos a Volúpia, para amenizar um pouco, um pouco que fosse, o desespero de nada ter do melhor para si. Tinha, ao menos, as perdas por consolo, para depositar suas lágrimas.

PROSTITUTAS SAGRADAS

Elas habitavam uma estranha região.
A região era um "útero" sagrado, cujo líquido amniótico era uma essência que mantinha os espíritos, habitantes dessa região, como fetos das potências Espirituais, que são conhecidas como deusas.
Quando esses espíritos encarnavam na Terra, eles mantinham essa essência e mesmo que as ignorassem, a essência rastreava os deuses – pois eles eram filhos de deusas.
As "Prostitutas Sagradas" copiavam, com seus gestos, as posições sem tradução na Terra, das propriedades dos deuses.
Elas dançavam nos Templos, batendo os pés carregados de guisos e se acompanhando com címbalos e sistros, conforme os países onde existiam.
Eram conhecidas como Prostitutas Sagradas porque, livres em seu mister de trazer os deuses aos Homens, não respondiam a qualquer restrição de código imposto pelas leis humanas.
Com seu desaparecimento, a superfície do Planeta mergulhou no silêncio que se interpôs na comunicação com os deuses.
As mulheres se tornaram "shaktis " no Hinduísmo, pois a chama das deusas mantém a sua sensibilidade, se a desejarem.
Os homens tiveram suas almas ressequidas, pois o líquido sagrado do "útero" divino se esvaneceu da superficie da Terra.

CÓPULA TRANSCENDENTAL

O Sexo se transformou numa cor rosa arroxeada.
Era uma vibração entre a mulher e o homem, pré-anunciada, tão poderosa em magnetismo, que, reduzindo o casal até seu centro de poder, sintetizava  tudo o mais em seu ponto de emanação.
A ansiosa fusão dos dois anulava a mente, mas mantinha o poder transcedental cardíaco.
A cópula acompanhava a força de atração das Esferas Celestes.
O latejar, a pulsação das energias transcedentais, ia além da imaginação terrestre.
A combinação de forças do Universo, as mesmas forças que pulsam nas Galáxias, aprisionadas pelo círculo do chackra cardíaco, latejava num só ponto em concentração mútua tão imensa e ao mesmo tempo tão frágil como o raio de uma estrela.
Não era  desejo que homem e mulher se transformassem numa só composição.
A única condensação só vibrava se os dois se transformassem na Múltipla Unidade.

SEDUÇÃO DOS MESTRES

Mulher impura, e cheia de erotismo,
            como fazer para que os
                        Mestres,
  os semi-deuses do Himalaia
  te possam acolher?

   A mulher, quando shakti amarga,
   sabe seduzir...
   E o que esse monstro, essa sereia
   de Fogo,
   Salamandra de amor ardente,
   impura de castidade, quando
   precisa da misericordia e do milagre
   dos semi-deuses do Himalaia,
   faz para obter essa dádiva divina?
   Ela dá todo o amor de si,
   do Amor que pode captar
   do Universo,
   do Amor que não merece,
   do Amor dos futuros Carmas
   que venha a merecer...
   ...e ela então sente a conscessão
   do aceite Divino
   de sua suplica,
   — é uma mendiga,
   que estende a mão por uma graça...